Não havia sexo nos quadrinhos, mas eram quadrinhos para adultos, inclusive com palavrões em uma história sobre torcidas. Entre os autores, Samuel Casal, Lelis, Allan Sieber, Custódio, Maringoni, Caco Galhardo, Leonardo, Fábio Zimbres, Osvaldo Pavanelli, Emílio Damiani, Fábio Moon e Gabriel Bá e até alguém famoso no meio por ser declaradamente de direita, o Spacca.
Mas alguém do governo achou que, se era quadrinhos, era para crianças, e enviou a publicação para uma escola infantil.
A Globo emplacou uma campanha de denúncia. Em nenhum momento se levantou o fato de que a publicação obviamente não era para crianças e que enviar para uma escola infantil havia sido um erro colossal. Admitir isso seria admitir que o governo errou, e a Globo era aliada do governador. O foco, então, foi todo no conteúdo dos quadrinhos.
Não se deram ao trabalho nem mesmo de entrevistar alguém da área de quadrinhos e teriam ouvido que a escolha havia sido equivocada e que nem todo quadrinho é para criança.
Até o governador de São Paulo á época, José Serra, foi entrevistado pela Globo no meio da imensa campanha contra o álbum.
- O senhor viu o conteúdo? - perguntou o jornalista da Globo, enojado.
- Vi sim, é um horror, um horror! - repetiu José Serra.
A reação foi imediata. Todas as compras de quadrinhos por parte do governo de São Paulo foram canceladas.
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