quarta-feira, junho 21, 2017

O Príncipe Submarino


Em 1939, Martin Goodman, dono da editora Timely, estava em maus lençóis. As vendas dos pulps (revistas de contos em papel barato) estavam em queda. Ele precisava de algo que fosse um sucesso de vendas. Foi quando Frank Torpey, agente do estúdio Funnies Inc apareceu com uma novidade. O pernagem era o Príncipe Submarino, criado por Bill Everett para a revista Motion Pictures Funnies Weekly, uma revista que era para ser distribuída de graça para crianças no cinema na esperança de que na semana seguinte elas quisessem comprar. Segundo Torpey, os quadrinhos eram grana fácil.
No final, negociaram para a publicação de uma antologia incluindo outros personagens criados pela Funnies, incluindo o Tocha Humana.
A antologia se chamou Marvel Comics e foi lançada em agosto de 1939. Vendeu 80 mil exemplares em um mês. Goodman decidiu reimprimir e vendeu 800 mil exemplares.
Junto com o Tocha Humana, Namor era a grande atração da Marvel. Na história, uma expedição faz explosões que provocam destruição involuntária nas colônias submersas de Atlântida. O imperador manda sua filha espionar os humanos. Ela faz mais que isso: se apaixona pelo capitão e engravida dele. Dezenove anos depois o fruto dessa união emerge do mar querendo vingança contra a raça humana. Com orelhas pontudas, asas nos pés e vestindo apenas uma sunga verde e um cinturão dourado, Namor (cujo nome significa filho vingador) era tudo, menos um herói convencional. Na verdade, estava mais para um anti-herói, violento e incorreto.
Já estava ali, naquelas primeiras histórias, a base do que seria a Marvel Comics. Enquanto na DC heróis como o Super-homem eram certinhos, na Marvel eles se pareciam mais com anti-heróis. Enquanto na DC os personagens trafegavam por cidades imaginárias, na Marvel os heróis lutavam em Nova York. Além disso, havia uma ligação entre os personagens, eles viviam no mesmo ambiente. Namor interessara-se por Betty Dean, amiga de Jim Hammond, alter-ego do Tocha Humana. E posteriormente ambos os personagens iriam se enfrentar (em outra grande características Marvel: quase sempre, quando heróis se encontram, eles brigam).
Embora inicialmente tenha se dedicado à sua vingança contra os humanos, Namor logo se aliaria aos americanos na luta contra o Eixo – uma jogada de Goodman, que percebeu que o patriotismo dava dinheiro.
Com o fim da guerra, os super-heróis entraram em declínio e Namor hibernou no limbo editorial.
Quando Stan Lee e Jack Kirby criaram o mega-sucesso Quarteto Fantástico, resolveram trazer de volta o personagem – e inventaram que ele estivera todo esse tempo sem memória, vivendo como mendigo em Nova York. O novo Tocha Humana o descobre, joga-o na água e ele recupera a memória. É o bastante para voltar à sua sanha de vingança contra a humanidade.
O personagem voltou a fazer sucesso e dividiu revista com o Hulk em Tales of Astonish.

Em 1968 ele finalmente ganhou revista própria, numa memorável fase com roteiros de Roy Thomas e desenhos de John Buscema. Ambos deram uma explicação coerente para a cronologia do personagem em história repletas de ação e selvageria, que antecipavam o trabalha da dupla em Conan, o bárbaro.  

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