sábado, maio 07, 2016

Laranja mecânica


Laranja mecância, de Stanley Kubrick, é um dos filmes mais famosos de todos os tempos. Difícil conhecer alguém que goste de cinema e nunca o tenha visto. Entretanto, poucos leram o livro. A edição recente da Aleph talvez ajude a tornar a obra literária mais conhecida. 
Laranja mecânica surgiu de um diagnóstico errado. Um médico dera ao autor, Anthony Burgess, um ano de vida e este resolveu escrever o máximo de livros possível antes da morte como forma de deixar sustento para sua esposa. O Laranja começou a ser escrito nessa leva, mas foi terminado depois. Felizmente o diagnóstico foi equivocado (Burgess viveu ainda muitos anos).
A ideia para o livro surgiu quando o autor, depois de passar vários anos na Malásia, voltou para a Inglaterra e encontrou tomada de gangues de adolescentes. Não só o fenômeno social chamou atenção do escritor. Linguista amador, ele ficou fascinado com as gírias das guangues. Burgess situou seu livro num futuro em que a deliquência juvenil é um sério problema social e as guangues falam uma língua quase incompreensível para os que não participam de seus grupos.
A primeira coisa a se dizer é que é um um livro difícil. O narrador, Alex, é o umni líder de uma shaika horrorshow e falta constantemente à escolacola para incursões de violência gratuita para krastar alguma tia pecúnia e fazer o bom e velho entraesai com alguma ptitsa novinha.
Sim, é um livro difícil de ler - que deve ter sido dificílimo de traduzir (pontos aqui para o tradutor Fábio Fernandes). Há um glossário no final, mas nem todas as expressões estão nele. além disso, o ideal mesmo é ir lendo o texto com todo o estranhamento que ele causa só olhando no glossário quando alguma frase se torna incompreensível.
O filme de Kubrick é bastante fiel ao livro, seguindo praticamente a mesma cronologia (há algumas mudanças: por exemplo, as meninas que Alex conhece na loja de discos são crianças de 10 anos no livro e adolescentes no filme).
A maior diferença está no final. O livro foi publicado nos EUA sem o último capítulo porque o editor local considerou que ali era o ponto que a história deveria terminar, com uma sequência sarcástica na qual antevemos que Alex voltará ao normal e ainda tirará proveito de tudo pelo qual passou. O livro vai mais além, mostrando sua volta para a sociedade e seu processo de amadurecimento. Burgess queria fazer de seu livro uma fábula do processo de amadurecimento e o livro segue essa linha. Mas o capítulo final parece mais como se alguém continuasse contando a piada após o seu clímax. Nesse sentido, o final do filme é perfeito ao deixar os acontecimentos em aberto, por conta da imaginação do leitor. 

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