domingo, maio 29, 2016

A justificativa do estupro e o vitimismo


1836. A cabanagem foi derrotada em Belém e se espalhou pelos rios da Amazônia. Um pequeno grupo de índios, negros e mestiços liderada pelo misterioso Chico Patuá se dirige para o Amapá singrando os pequenos igarapés da região. No seu encalço, o governo regencial mandou soldados comandados por um psicopata assassino, Dom Rodrigo. Em meio a essa disputa, soma-se outra, quando os seres da floresta resolvem tomar partido na contenda.
Cabanagem é um romance de fantasia histórica que mistura fatos reais com mitologia amazônica.
Conheça a apoie o projeto, ajudando na publicação do livro: https://www.catarse.me/cabanagem_a9fd

quarta-feira, maio 25, 2016

A novela do impeachment


Lendo as gravações, fica cada vez mais claro o roteiro da novela do impeachment. Toda a classe politica estava em polvorosa com a prisão do Delcídio e o avanço da Lavajato, de Lula ao primeiro a ser comido.
Então combinaram um grande pacto cujo objetivo era evitar novas prisões de políticos e novas delações. O PSDB e o STF não aceitavam fazer parte do pacto enquanto Dilma fosse presidente. Lula, Renan e provavelmente Sarney tentaram convencer Dilma a renunciar ou se licenciar. Ela não aceitou. Sarney, então, articulou tudo para o impeachment, provavelmente com a anuência de Lula, que, publicamente defendeu Dilma para não se queimar com os militares do PT, mas pelos bastidores convenceu deputados a votarem pelo impeachment.
O impeachment aconteceu e, aparentemente, o pacto funcionou. Nenhum outro político foi preso. O projeto de lei do MPF de combate à corrupção está engavetado. Os protestos pararam. E em breve, na surdina, Renan ou outro senador deve apresentar o projeto de lei que regulamenta as delações, inviabilizando novas delações.
Nem George Martin conseguiria bolar uma trama tão bem urdida.

sábado, maio 07, 2016

O que são os Direitos Humanos?

O que os ditadores têm em comum? Todos são contra os direitos humanos (na China comunista, pesquisar sobre direitos humanos na internet é considerado crime). Essencialmente eles são contra isso aqui:

Artigo 1.º
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.
Artigo 2.º
Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou outra, origem nacional ou social, fortuna, nascimento ou outro estatuto.
Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autónomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.
Artigo 3.º
Todas as pessoas têm direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo 4.º
Ninguém pode ser mantido em escravidão ou em servidão; a escravatura e o comércio de escravos, sob qualquer forma, são proibidos.
Artigo 5.º
Ninguém será submetido a tortura nem a punição ou tratamento cruéis, desumanos ou degradantes.
Artigo 6.º
Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento como pessoa perante a lei.
Artigo 7.º
Todos são iguais perante a lei e, sem qualquer discriminação, têm direito a igual proteção da lei. Todos têm direito a proteção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo 8.º
Todas as pessoas têm direito a um recurso efectivo dado pelos tribunais nacionais competentes contra os atos que violem os seus direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei.
Artigo 9.º
Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.
Artigo 10.º
Todas as pessoas têm direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública julgada por um tribunal independente e imparcial em determinação dos seus direitos e obrigações e de qualquer acusação criminal contra elas.

Laranja mecânica


Laranja mecância, de Stanley Kubrick, é um dos filmes mais famosos de todos os tempos. Difícil conhecer alguém que goste de cinema e nunca o tenha visto. Entretanto, poucos leram o livro. A edição recente da Aleph talvez ajude a tornar a obra literária mais conhecida. 
Laranja mecânica surgiu de um diagnóstico errado. Um médico dera ao autor, Anthony Burgess, um ano de vida e este resolveu escrever o máximo de livros possível antes da morte como forma de deixar sustento para sua esposa. O Laranja começou a ser escrito nessa leva, mas foi terminado depois. Felizmente o diagnóstico foi equivocado (Burgess viveu ainda muitos anos).
A ideia para o livro surgiu quando o autor, depois de passar vários anos na Malásia, voltou para a Inglaterra e encontrou tomada de gangues de adolescentes. Não só o fenômeno social chamou atenção do escritor. Linguista amador, ele ficou fascinado com as gírias das guangues. Burgess situou seu livro num futuro em que a deliquência juvenil é um sério problema social e as guangues falam uma língua quase incompreensível para os que não participam de seus grupos.
A primeira coisa a se dizer é que é um um livro difícil. O narrador, Alex, é o umni líder de uma shaika horrorshow e falta constantemente à escolacola para incursões de violência gratuita para krastar alguma tia pecúnia e fazer o bom e velho entraesai com alguma ptitsa novinha.
Sim, é um livro difícil de ler - que deve ter sido dificílimo de traduzir (pontos aqui para o tradutor Fábio Fernandes). Há um glossário no final, mas nem todas as expressões estão nele. além disso, o ideal mesmo é ir lendo o texto com todo o estranhamento que ele causa só olhando no glossário quando alguma frase se torna incompreensível.
O filme de Kubrick é bastante fiel ao livro, seguindo praticamente a mesma cronologia (há algumas mudanças: por exemplo, as meninas que Alex conhece na loja de discos são crianças de 10 anos no livro e adolescentes no filme).
A maior diferença está no final. O livro foi publicado nos EUA sem o último capítulo porque o editor local considerou que ali era o ponto que a história deveria terminar, com uma sequência sarcástica na qual antevemos que Alex voltará ao normal e ainda tirará proveito de tudo pelo qual passou. O livro vai mais além, mostrando sua volta para a sociedade e seu processo de amadurecimento. Burgess queria fazer de seu livro uma fábula do processo de amadurecimento e o livro segue essa linha. Mas o capítulo final parece mais como se alguém continuasse contando a piada após o seu clímax. Nesse sentido, o final do filme é perfeito ao deixar os acontecimentos em aberto, por conta da imaginação do leitor. 

domingo, maio 01, 2016

O Super-homem de Garcia-López e Gerry Conway


No início da década de 1970, Garcia-López era apenas um espanhol criado na argentina recém-chegado aos EUA e procurando um espaço no mercado dos comics. E Gerry Conway era um roteirista iniciante, chegando na DC depois de uma fase memorável na Marvel, escrevendo o Homem-aranha. 
O início da parceria dessa dupla (que se tornaria uma das mais afinadas dos comics, principalmente na obra-prima Esquadrão Atari) que podemos acompanhar no primeiro volume das Lendas do Homem de Aço. É curioso ver como ambos, tanto roteirista quanto desenhista, vão tentando se acostumar com o personagem. Conway demora para dar verossimilhança para o personagem (a explicação para Clark Kent continuar apresentando o jornal enquanto o Superman atua é sofrível) e Garcia-Lopez sofre com arte-finalistas que não combinam com seu desenho limpo. O confroto com a Mulher-Maravilha é nitidamente o ponto que os dois se acertaram (apesar da arte-final de Dan Adkins muitas vezes sujar o traço limpo de Garcia-López). Conway constrói uma boa trama retrô e o desenhista demonstra toda sua capacidade para anatomia, perspectica e diagramação de página. 

A última história do álbum, "A mensagem do sonhador" é o ponto em que podemos a dupla finalmente afinada, com um contexto de ficção-científica que certamente antecipa Esquadrão Atari e uma trama interessante, sobre um alienígena que deve entregar uma mensagem de paz, mas tem sua nave atingida por um meteoro.
Infelizmente, Garcia-López ficou pouco tempo no título. Logo ficou claro que seu traço vendia e ele era chamado para desenhar os primeiros números de novas revistas, como forma de alavancar as vendas, ou fazer capas de outras.
Posteriormente o desenhista foi chamado para fazer o guia de estilo dos personagens da DC, ficando também responsável pelas imagens promocionais - trabalhos belíssimos, que passaram a estampar lancheiras, camisas e tudo mais que tivesse personagens da DC.