quarta-feira, abril 27, 2016

A ânsia humana por liberdade


Sobre meu texto a respeito da ditadura militar em que comparo a reação da sociedade alemã e a brasileira (aquela investiu na democracia e na liberdade, aqui investimos na ditadura, na tortura e na censura), em explico como, na verdade, a ditadura brasileira ajudou a que os ideias comunistas se difundissem, uma pessoa comentou: "E que tal se proibissem seus livros?".
Bem, vamos imaginar que amanhã Bolsonaro chega ao poder e proíbe todos os meus livros? Isso acabaria com minhas ideias? Provavelmente só provocaria ainda maior interesse por elas. Em algum momento esses livros acabariam sendo liberados e aí sim, se tornariam best selleres. Lobato, que conhecia muito bem a natureza humana, torcia para seu livro O presidente negro ser proibido nos EUA, o que certamente geraria grande interesse por ele.
Exemplo perfeito disso é a música Gospel, de Raul Seixas, proibida pela ditadura militar. Quando finalmente foi liberada, virou um grande sucesso, mesmo anos depois da morte de seu autor.
Seres humanos normais anseiam pela liberdade. É uma das necessidades humanas básicas. Querem conhecer algo que foi proibido é reflexo básico disso.
Apenas dois tipos de pessoas são contrárias à liberdade (e são exatamente esses dois tipos que defendem a ditadura militar): os psicopatas (George Orwell definiu muito bem esse tipo com a imagem de uma bota pisando um rosto humano) e as ovelhas, pessoas incapazes de tomarem suas próprias decisões, que precisam de um pai, um líder que lhes diga o que devem fazer, o que devem ler, que músicas devem escutar (são, em resumo, pessoas que têm medo da liberdade). Existe um terceiro tipo: aquelas pessoas que sabem que não vivem na liberdade, anseiam por ela, mas não a têm (é o caso, por exemplo, de um homem casado com uma esposa megera). Incapaz de conseguir sua própria liberdade, ele quer que ninguém mais a tenha.

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