quarta-feira, junho 24, 2009

Carta aberta às autoridades brasileiras de educação



O blog dos Quadrinhos, do jornalista e pesquisador de quadrinhos Paulo Ramos, está divulgando uma carta aberta às autoridades de educação dando seu apoio ao uso das obras de Will Eisner nas escolas. Eisner é um dos maiores autores de quadrinhos e a maioria deus trabalhos são obras-primas tanto pela qualidade estética como, principalmente, pela qualidade narrativa. E também são obras muito humanas. Um contrato com Deus mostra as dificuldades dos moradores dos cortiços judeus nos EUA, situação que Eisner viveu.
Alguns diretores de escola e até mesmo a secretária de educação do Rio Grande do Sul não leram a obra, apenas folhearam e encontraram cenas descontextualizadas que pareciam incentivos à violência ou à pedofilia. A cena que seria um incentivo à pedofilia, por exemplo, é uma em que uma menina de 10 anos levanta a saia e mostra a calcinha para um zelador. Como não leu a obra, a secretária não percebeu que a menina fazia isso justamente para roubar o dinheiro do zelador... Vista fora do contexto, qualquer obra pode ter cenas reprováveis, até a Bíblia.
A secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar, leu a obra e defendeu seu uso com alunos do ensino médio.
No meio do tiroteio, Paulo Ramos e outras autoridades resolveram divulgar a carta aberta, defendendo o ponto de vista de Maria do Pilar e a adoção das obras de Eisner nas escolas. A carta está no blog do Paulo e pode ser assinada por outras pessoas que concordem com esse ponto de vista. Vá lá e assine. Não custa nada e você ajuda tanto a diminuir o preconceito contra os quadrinhos quanto a melhorar o nível de leitura dos nossos estudantes, permitindo que eles tenham contato com clássicos dos quadrinhos. Aproveite para deixar um recado para a secretária de educação do Rio Grande do Sul.

Ps: é só eu, ou mais alguém está desconfiado que toda esse confusão em torno da presença dos quadrinhos na bibliotecas escolares é na verdade um jogo político? Até agora, só estados que fazem oposição ao Lula estão reclamando do MEC ter adotado os quadrinhos do Eisner...

1 comentário:

Sérgio disse...

Se você está desconfiado, eu tenho certeza.
Vale lembrar que isto começou quando a Secretaria de Educação de São Paulo cometeu um erro grosseiro ao recomendar "Dez na Área..." para o ensino fundamental. Tratava-se, ali, de quadrinhos de humor para público maduro, contendo linguagem vulgar e piadas preconceituosas (não estou condenando a obra, mas ressaltando que não é realmente adequada para crianças).
Só depois disso é que a SEC paulista enxergou a "inadequação" contida na obra de Eisner que estava sendo distribuída pelo Ministério da Educação, e censurou Um Contrato com Deus.
E a SEC gaúcha entrou na onda e censurou não só Um Contrato Com Deus, mas também O Nome do Jogo, e O Sonhador, embora os exemplos citados de "pornografia" (a secretária Mariza usou esta palavra) sejam todos de "Um Contrato..." Ou seja, a questão aqui é tentar mostrar que o MEC e não o governo paulista é que não avalia o conteúdo das obras enviadas para as escolas.