segunda-feira, dezembro 31, 2007

Uma música para começar o ano:
Minha Vida
Rita Lee
Composição: John Lennon E Paul Mc Cartney

Tem lugares que me lembram
Minha vida, por onde andei
As histórias, os caminhos
O destino que eu mudei...
Cenas do meu filme
Em branco e preto
Que o vento levou
E o tempo traz
Entre todos os amores
E amigos
De você me lembro mais...
Tem pessoas que a gente
Não esquece, nem se esquecer
O primeiro namorado
Uma estrela da TVPersonagens do meu livro
De memórias
Que um dia rasguei
Do meu cartaz
Entre todas as novelas
E romances
De você me lembro mais...
Desenhos que a vida vai fazendo
Desbotam alguns, uns ficam iguais
Entre corações que tenho tatuados
De você me lembro mais
De você, não esqueço jamais...

O Digestivo Cultural publicou minha resenha do livro Lugar Nenhum, de Neil Gaiman. Confira.

história dos quadrinhos 18
Spirit


Dos heróis surgidos nos anos da Segunda Guerra Mundial, um deles se destacou não pelos po­deres extraordinários ou por uniformes espalhafatosos. Spirit, criado por Will Eisner, era um herói, acima de tudo, humano. Policial dado como morto, Colt se aproveita do anonima­to para resolver casos além do alcan­ce da polícia, apenas com uma capa e um chapéu “noir”. A minúscula máscara, sugestão do editor, procurou torná-lo mais comercial, mas não lhe diminuiu o prestígio.
O Spirit era uma espécie de mes­tre de cerimônias de um show pelo qual desfilavam menores abandonados, ladrões, suicidas... Gente que tem uma bela ou triste história para con­tar.
Uma das histórias mais tocantes era sobre um garoto que sabia voar. Proibido de sair do chão pela mãe, ele sobe, já adulto, num edifício onde o Spirit troca tiros com bandidos e começa a fazer evoluções no ar, até que uma bala o acer­ta. Eisner aconselha os leitores não chorarem por ele, mas pelas pessoas que não perceberam seu vôo.
Apesar dos textos impressionis­tas, o Spirit entrou para a história dos quadrinhos por um motivo estético: foi o primeiro a tentar uma linguagem realmente quadrinística.
O texto nun­ca dizia o que a imagem podia passar e havia uma exploração muito grande das possibilidades narrativas do desenho. Eisner foi o primeiro a usar a sequên­cia com maestria nos quadrinhos e é considerado o pai da nova geração de quadrinistas, como Alan Moore, Da­ve McKean, Dave Gibbons e Neil Gai­man, entre outros.
O Spirit durou de 1940 a 1952, quando a opinião pública voltou-se contra os quadrinhos, depois que o livro ‘Sedução de inocentes”, do psicólogo Frederích Werthan, os acusou de serem responsáveis pela delinqüência juvenil que florescia nos EUA. Vendo a decadência do mercado de quadrinhos, Eisner foi fazer desenhos para o exército.
Na década de 1970, Eisner voltaria aos quadrinhos, criando as graphic novels com a obra Um contrato com Deus.

sábado, dezembro 29, 2007

Para quem não sabe, meu filho Alexandre tem um blog, o Medal of honor, no qual ele publica suas impressões sobre filmes, livros e jogos. Clique aqui e confira.

sexta-feira, dezembro 28, 2007

Trinta anos sem Charles Chaplin, o gênio tragicômico


"Este é um momento muito emocionante para mim e as palavras parecem fúteis. Só posso dizer 'obrigado' pela honra de ter sido convidado. Vocês são maravilhosos", disse Chaplin, em lágrimas, quando Hollywood o homenageou em 1972 com um Oscar honorário.
Chaplin não fez nem ao menos uma crítica ao mundo que o vetou politicamente durante a "caça às bruxas"; era seu retorno após 20 anos de exílio na Europa, e só agradeceu o reconhecimento e o afeto, embora tenha voltado a desprezar a palavra, cuja chegada ao cinema nunca encarou de maneira muito confortável.
"As palavras são poucas. A maior coisa que se pode dizer com elas é 'elefante'", ironizava, tanto que não recorreu a elas até 1935, com "Tempos Modernos" - embora todos falassem no filme, menos ele. Leia mais

quinta-feira, dezembro 27, 2007

100 mil visitas!

Chegamos às 100 mil visitas! (Se fosse contar os acessos do blog antigo, do weblogger, já estaríamos com mais de 150 mil!)

Marketing de guerrilha


Parece que a onda mesmo é o marketing de guerrilha. Em Belém vi uma ação de guerrilha curiosa na frente do shoping Iguatemi: quando o semáforo fechava vários papais noeis se colocavam na frente dos carros, com placas de uma loja.

Chegando em Macapá, acabei me deparando com outra ação de guerrilha. O supermercado Y Yamada colocou malas promocionais a esteira de bagagens do aeroporto. As malas são na cor da empresa, com a imagem do cartão Yamada e o texto ¨Bem-vindo a Macapá, gente boa¨. Com certeza, isso funciona mais do que os outros materiais promocionais, já que, no caso, as pessoas estão olhando mesmo é para a esteira.

A edição mais recente da Superinteressante fala quase que exclusivamente do aquecimento global. Só a Super para não deixar o tema ficar chato. Como diz a capa, 2008 será o ano para tentarmos salvar o planeta. O entrevistado desse número é o deputado federal Fernando Gabeira. Ele diz que combater a corrupção é uma forma de continuar sua luta pela ecologia, pois a corrupção geralmente está relacionada à devastação do meio ambiente e ao trabalho escravo. Em alguns locais, como no Pará, escravos são usados para devastar a floresta para a criação de gado, até que não restem nem mesmo raízes.
Outra matéria curta mais interessante é uma pesquisa sobre o que aconceria se os prédios cobrissem o teto com vegetação. Em Brasília isso provocaria uma baixa de temperaratura de 19,8 C para 10,5 C. Em Riad, na Arábia Saudita, a temperatura baixaria de 28 graus para 16,7. Quanto baixaria a temperatura de Macapá se cada um plantasse uma árvore em casa? Ou se a prefeitura se preocupasse em plantar árvores? Na urbanização do bairro do Congós, a prefeitura não plantou uma única árvore na pracinha da Claudomiro de Moraes... Eta falta de consciência ambiental...

quarta-feira, dezembro 26, 2007

Um conto de natal do amigo Josiel Vieira:

Um Pequeno Grande Homem

- Tudo isto pode ser teu.
Alto do morro. Com o cano do fuzil, o traficante faz um gesto largo, apontando para todo o mundo lá embaixo.
O fuzil aponta. Um horizonte amplo. Praias. Prédios. Muitas coisas. Coisas que aquela pobre criança do lado do traficante nunca teve. Coisas com gosto de tentação na boca de sua barriga faminta. O fuzil continuava apontando. Lugares ricos. Lugares de gente bonita.
E naquela noite de festa, aquela criança magrela foi dormir faminto e cansado.
Mas feliz.
Disse "Não"!
O traficante disse então:"Mas tu é trouxa mesmo, heim, moleque?"
Cansado. Pois algo lhe dizia que o caminho que escolheu estava só começando, e seria longo e terrivelmente difícil para ele, menor de idade, negro e pobre. Era um caminho mais perigoso do que os do que cedem à tentação do crime. Não contaria nem com o apoio do tráfico, nem com o apoio do Estado, nem com o apoio de quem quer que seja. Teria de trabalhar e estudar ao mesmo tempo, pegar duas horas de ônibus cheio, enfrentar um mundo de barreiras. O pouco dinheiro que ganharia seria para pagar contas e mais contas. Viveria com o nome "sujo" na praça, malgrado o esforço enorme para pagar todas as prestações em dia. E provavelmente morreria nas filas dos aposentados, sem reconhecimento algum.
Mas nada disso importava muito para ele naquele momento. Estava cansado, só gostaria de dormir um pouco.
E, naquela noite, alguns anjos velaram o seu sono.
FIM

terça-feira, dezembro 25, 2007

O espírito de natal


Na época em que eu estava pesquisando para o livro 200 perguntas sobre nazismo, acabei me deparando com uma história real de natal. Em um campo de concentração na Polônia, o comandante havia prometido uma refeição reforçada na noite de natal se os homens trabalhassem com afinco. Mortos de fome, os pobres judeus trabalharam como loucos. Ao chegar a noite, eles foram reunidos no pátio, sob um frio tremendo. Achavam que seria distribuída uma sopa, mas a sopa não vinha. O tempo passava, a neve começou a cair, as pernas doiam, e a sopa não vinha. Horas depois, o comandante aproximou-se deles, completamente bêbado e gritou alguns palavrões. Disse que os judeus haviam sido responsáveis pela morte de Jesus e que por isso deveriam pagar. Os homens passaram a noite lá, tiritando de frio, com a fome consumindo-os. O espírito de natal não foi capaz de ultrapassar os preconceitos e a propaganda nazista. O comandante estava errado: não havia sido os judeus que mataram Jesus. Foi ele.
Ótima propaganda. Não vou contar sobre o que é para não perder a graça.

segunda-feira, dezembro 24, 2007


Na foto, palestra do escritor Álvaro de Moya, autor do clássico livro Shazan!, na gibiteca de Curitiba. Na primeira fila, os responsáveis pela graphic novel Manticore: Eu, Luciano Lagares, Antonio Eder e José Aguiar. Lá atrás tem também outros grandes quadrinistas, entre eles o Tako X, famoso por suas sátiras de filmes e novelas para a revista MAD.

domingo, dezembro 23, 2007

Frases do livro Mau Humor, de Rui Castro:

"O fardo do casamento é tão pesado que precisa de dois para carregar. Às vezes três". Alexandre Dumas

"Atrás de todo homem bem-sucedido, existe uma mulher. E atrás dessa mulher, a mulher dele" Groucho Marx

"Meu melhor amigo fugiu com minha mulher. E quer saber? Sinto falta dele" Henry Youngman

"É abjeto que um homem deseje a mãe de seus próprios filhos" Nelson Rodrigues

"Não me casei porque não consigo me acasalar em cativeiro" Glória Steinem

"Sabe o que significa voltar para casa à noite e encontrar uma mulher que lhe dá amor, afeto e ternura? Significa que você entrou na casa errada" Henry Younfman

"O que é um intelectual? Apenas um homem que descobriu alguma coisa mais interessante que mulheres" Edgar Wallace

(conselho para jornalistas:) " Primeiro apure os fatos. Depois pode distorcê-los à vontade" Mark Twain

"Se me virem dançando com mulher feia, é porque a campanha já começou" Juscelino Kubitschek

quinta-feira, dezembro 20, 2007

O seriado Anos incríveis teve uma das melhores aberturas da TV. Este vídeo mistura Anos Incríveis com Chaves. Uma pérola.

terça-feira, dezembro 18, 2007




Feliz natal, charlie Brown!
A editora L&PM está lançando ¨Snoopy é natal¨, o quarto volume da coleção L&PM Pocket dedicado aos personagens da turma do Peanuts. Seu criador, Charles Schulz, é considerado o Freud dos quadrinhos.
Conta-se que um psiquiatra, chegando ao seu consultório, encontrou um bilhete de seu primeiro paciente, dizendo que estava dispensando o tratamento com médico, pois havia encontrado a causa de seus traumas. E ilustrava a situação com uma tira de Peanuts.
A história, real ou lendária, ilustra a incrível capacidade que Schulz tinha de perceber os dramas e traumas humanos, sintetizando-os na figura de crianças. Umberto Eco disse que a ¨a poesia dessas crianças nasce do fato de que nelas encontramos todos os problemas, todas as angústias dos adultos que estão nos bastidores¨.
Nessa história aparentemente ingênua, encontramos os mais variados tipos humanos e seus conflitos.
Charlie Brown, o personagem principal, é o estereótipo do fracassado. Ele não consegue empinar uma pipa ou chutar uma bola. A única vez em que ganhou algo na vida, foi um corte de cabelo. ¨Mas eu sou careca, e meu pai é barbeiro!¨ retrucou ele. Noutra ocasião, dançou com a rainha do baile, mas foi incapaz de lembrar de nada desse acontecimento.
Se Charlie Brown é o a bigorna, na qual batem todos os males e dissabores da vida, a menina Lucy Van Pelt, irmã de Linus, é o martelo. Sua vida é provocar traumas no pobre Minduim, mostrando a cada momento o quanto ele é incapaz. Sua tirada mais clássica é fazer Charlie Brown acreditar que finalmente será capaz de chutar a bola, para tirá-la no último momento. Interessante que, apesar disso, ninguém jamais pensa em culpá-la pela derrota do time. O culpado é sempre aquele que não conseguiu chutar a bola.
Uma biografia escrita recentemente publicada com o título de Schulz and Peanuts dá a entender que o próprio autor colocava suas neuroses nas tiras, razão pela qual elas parecem tão reais. O autor o descreve como um homem solitário, tímido e infeliz, dominado por figuras autoritárias, como sua primeira esposa e sua mãe, ambas representadas na personagem Lucy. Schulz se identificaria tanto com Charlie Brown, o fracassado, quanto com Schroeder, o músico. Este último seria o lado artístico, através do qual ele se libertaria da tirania da esposa. Sintomaticamente, outra cena famosa é a de Lucy tentando conseguir a atenção do pianista, que a despreza solenemente enquanto toca.
Nesse sentido, Snoopy, provavelmente, representaria a liberdade criadora. Se Charlie Brown é o pé no chão, as tristezas e arguraras da vida, Snoopy pode viajar o mundo e até mesmo ser um famoso piloto da I Guerra Mundial. Não por acaso, Charlie Brown é o personagem predileto dos adultos, que vêm nele seus traumas (a tirinha é a mais recortada, exibida e enviada a colegas nos EUA) e Snoopy é o personagem preferido das crianças pequenas, que ainda vislumbram na vida mais seus pontos positivos que negativos.
A tira foi criada por Schulz no início da década de década de 1950 e rapidamente tornou-se um sucesso, chegando a aparecer em mais de 2600 jornais em todo o mundo, chegando a ter um público leitor estimado em 355 milhões, em 75 países.
Na década de 1970 o sucesso da tira levou ao surgimento do desenho animado, que era pessoalmente supervisionado por Schulz. Ao invés de descaracterizar a obra, o desenho a ampliou para além dos limites dos quatro quadros diários.
De todas as histórias exibidas, a de natal é provavelmente mais lembrada por uma geração que cresceu assistindo a esses desenhos. Indo muito além da melancolia habitual, o episódio captou o espírito natalino como poucas vezes isso foi feito. É como se, em meio a todos os traumas e problemas da vida, ainda houvesse espaço para a felicidade de momentos simples e singelos.
A edição da LPM provavelmente pretende captar o interesse dos leitores que se lembram desse episódio. Daí o título, ¨Snoopy, é natal¨ e a bela capa colorida em que Charlie Brown e Snoopy dançam ao lado de uma pequena árvore natalina e de um presente.
Infelizmente, para quem esperava uma coletânea sobre o tema, nem todas as tirinhas tratam de natal. Isso não chega a ser um desmérito, já que os Peanuts valem por si mesmos, mas talvez uma coletânea temática estivesse mais de acordo com o espírito da obra.
Em todo caso, o livro é um belo presente de natal. Nele, o leitor encontrará não só os traumas e as tristezas da infância, mas também as pequenas e singelas historinhas divertidas de crianças. Exemplo disse é aquela seqüência em que Sally, a irmã mais nova, pergunta a Charlie Brown se quando morrerem eles vão para o céu. ¨Quando chegarmos lá, vamos encontrar todos os insetos que matamos? Será que vamos ver todos eles no céu e teremos que nos desculpar com eles?¨, indaga ela. ¨Não faço a menor idéia...¨, reponde o Minduim. ¨Tem uma aranha no teto do meu quarto. Por que você não a mata para mim? Você pode pedir perdão depois!¨. Essa pequena seqüência caracteriza o humor ao mesmo tempo singelo e profundo de Carles Schulz. Lá estão desde as pequenas dúvidas e angústias infantis à forma como as crianças lidam com elas (no caso de Sally, é mais fácil jogar a responsabilidade sobre o saco de pancadas de seu irmão).
Como aspectos negativos, o volume peca por não trazer textos de apresentação (há apenas uma pequena lista de personagens) e pelo formato vertical. Como as tiras são horizontais, isso obriga o leitor a dobrar o livro para ler. Quando uma seqüência pula de página para página, o problema se agrava, já que muitas vezes a piada perde parte do seu charme nessa virada de página. Seria talvez a hora da L&PM começar a pensar em um outro formato para seus livros de quadrinhos da série de pockets.

história dos quadrinhos 17

Capitão américa

Depois da I Guerra Mundial e a cri­se 1929, que outro tipo de catás­trofe poderia se abater sobre o mundo? A II Guerra Mundial.
O mundo tinha um vilão que, apesar de não ter saído das páginas dos gibis, tinha várias se­melhanças com personagens de quadrinhos: era ridículo e extrema­mente maligno. Chamava-se Hitler e o grande sonho dos garotos da América era ver um herói dando um soco em suas fuças. Foi essa a idéia que o rotei­rista Joe Simon teve. Martin Goodman, chefão da Timely (atual Marvel) gos­tou tanto da idéia que resolveu lançar uma revista às pressas. O artista esco­lhido para ilustrar essas histórias foi Jack Kirby - que logo se tornaria uma lenda, influenciando toda a geração de desenhistas da futura Marvel.
Simon e Kirby sabiam que tinham ouro nas mãos, tanto que fizeram várias exigências. O personagem deveria estrear em revista própria, e não em uma antologia. Os criadores ficariam com 15% dos lucros e teriam cargos assalariados, como editor e diretor de arte. Goodman concordou com tudo.
O primeiro número chegou às bancas em fevereiro de 1941 e foi um sucesso. A primeira edição se esgotou em poucos dias. A edição seguinte foi de um milhão de exemplares e também esgotou. O Capitão América tornou-se o gibi mais vendido do período da guerra, mas também provocou muita polêmica. Joe Simon conta que a editora foi inundada por uma torrente de cartas de ódio e telefonemas obscenos cujo teor era: “morte aos judeus!”. O prefeito de Nova York mandou uma guarnição pa­ra proteger os artistas e telefonou pes­soalmente, felicitando-os pelo seu trabalho na revista.
Os editores incentivavam os leitores a criarem clubes e servirem ao país como bons super-heróis. Essa iniciativa publicitária tomou tons bizarros quando crianças começaram a denunciar colegas ou parentes como espiões apenas por eles terem nomes com pronúncia germânica.
Os artistas, entretanto, só foram perceber a extensão do sucesso do personagem quando começaram a apare­cer uma porção de imitadores. Surgiram o Capitão Bandeira, o Capitão Liberdade e a Águia Americana. A editora chegou a publicar uma ameaça de ação legal nas páginas da revista: ¨Cuidado, imitadores! Só há um Capitão América!¨.
Mas Martin Goodman não parecia muito disposto a manter o acordo e, quando Simon e Kirby perceberam que estavam sendo passados para trás, foram para a National (futura DC Comics), onde criaram o último sucesso da guerra: Os Boys Comando.
Stan Lee tentou conti­nuar as histórias do Capitão América, transformando-o num professor que combatia o crime nas horas vagas.
Kirby e Simon ficaram tão furiosos com o fato de estarem usando seu personagem que resolveram criar uma paródia: o Fighting Amerícan, um super-herói que enfrentava vilões inap­tos, com nomes ridículos, como Super-Khakalovitch e Hotsky Trotsky.
Evidentemente, a versão de Stan Lee não deu certo e a própria Marvel passou a desconsiderá-la.
Lee só iria acertar em 64, quando recriaria o Capitão juntamente com Jack Kirby, tentando explicar toda a bobagem que tinha sido feita até ali com o personagem.
O Capitão América foi o primeiro personagem de HQ a assumir um discurso político, mas não foi o único a combater na II Guerra Mundial.
Quase todos os personagens da época de Tarzã ao Spirit atuaram na guerra, em favor dos aliados.
O Fantasma passou a enfrentar japoneses que invadiram a sua floresta e até Flash Gordon voltou do planeta Mongo para combater os nazistas.

domingo, dezembro 16, 2007


história dos quadrinhos 16
Mulher-maravilha

No princípio, o gênero super-herói era uma exclusividade masculina. A primeira super-heroina dos gibis, a Mulher-gavião, só surgiu em 1941, na revista All Star Comics 5. Mas a primeira grande heroína de sucesso só surgiria, na mesma revista, três edições depois. Trata-se da Mulher Maravilha.
A personagem era uma criação do psicólogo William Moulton Marson. Um dos criadores do detector de mentiras, Marson desviara-se da carreira acadêmica ao se transformar numa espécie de guru de auto-ajuda. Ele foi o primeiro psicólogo a ter uma coluna mensal em uma revista familiar, a Family Circle. Como forma de valorizar ainda mais suas opiniões, seu texto era apresentado na forma de entrevistas. Numa delas, ele falou de quadrinhos. Queixou-se da violência explícita dos gibis, mas disse que talvez os quadrinhos estivessem tocando “no ponto nevrálgico dos desejos e aspirações universais da humanidade”. Era um psicólogo falando bem dos quadrinhos! Isso fez com que Willian Gaines, da National, o convidasse para fazer parte do Conselho Editorial Consultivo da editora.
Marson percebeu a chance e decidiu aproveitá-la. Na sua opinião, “o maior crime dos gibis era sua masculinidade desbragada”. Assim, ele se ofereceu para criar uma super-heroina que atrairia as crianças e sossegaria os pais.
A base da nova personagem era a crença de que as mulheres são mais fortes que os homens, pois controlam a força do amor. Para o psicólogo, homens e meninos estavam procurando uma garota bonita e empolgante que fosse mais forte que eles.
Eles estavam procurando uma Mulher Maravilha! A personagem é uma das Amazonas da Ilha Paraíso que vem à terra para por fim à guerra e à exploração. Para combater o machismo e a violência, ela tinha duas armas. A primeira eram braceletes, com os quais ela poderia se defender contra tiros. Esses braceletes, além de serem uma arma de proteção, eram também uma lembrança das algemas impostas às amazonas por Hércules e, portanto, um símbolo do que acontece às garotas quando elas se deixam conquistar por um homem. A segunda arma era um laço mágico que obrigava todos que fossem presos por ele a se submeterem à vontade da Mulher Maravilha. Esse laço era um símbolo do que Marston chamava de “sedução do amor”, o poder real das mulheres.
Para desenhar a personagem, os editores da National queriam um ilustrador moderno, mas Marston bateu o pé no nome de Harry G. Peter, um ilustrador publicitário de estilo antiquado.
Os donos da National pareciam ansiosos para ter uma personagem escrita pelo psicólogo, tanto que não só concordaram com o nome de Peter, como ainda cederam os direitos dos personagens e royalties perpétuos sobre ela.
Durante a II Guerra Mundial, a Mulher Maravilha assumiria a identidade da enfermeira Diana Prince e se apaixonaria pelo capitão Steve Trevor, mas a relação dos dois sairia do padrão da época, pois era quase sempre ela que o salvava de perigos.
Apesar das histórias confusas (que sempre incluíam pessoas amarradas) e apesar do desenhista antiquado, a Mulher Maravilha foi um sucesso, tanto que em 1942 acabou ganhando revista própria. Mas o feminismo não parece ter tocado as meninas. 90% dos leitores eram homens, sobretudo pré-adolescentes. Para Gerard Jones, autor do livro Homens do Amanhã, “A Mulher-maravilha, muito mais do que um modelo para as meninas, como se pretendia que ela fosse, era uma forma dos meninos se aproximarem dos mistérios mais assustadores”.

sábado, dezembro 15, 2007

Alumiando


O projeto Lamparina - alumiando a cultura amapaense surge como uma alternativa para a difusão da cultura e incentivo às produções locais, através da promoção de debates e eventos que envolvam os diversos segmentos culturais.No Projeto Lamparina a cultura está simbolizada pela luz, uma pequena luz que pretendemos irradiar e fazer da cultura um instrumento de transformação e formação do conhecimento.A luz da Lamparina será acesa às 17h de terça-feira,18, no Teatro das Bacabeiras, e se estende até o dia 21.


Confira a programação de terça-feira:

17h – Abertura solene com as palavras do superintendente da CEF no Amapá, Raimundo Frota, do presidente da Associação dos Escritores do Amapá, Paulo Tarso, e da autora do projeto.

17h20 - Lançamento do concurso de contos "Macapá - 250 anos de história"

17h35 - Apresentação da Orquestra Lira de Prata

18h10 - Apresentação da peça "Seu portuga e a língua portuguesa"

18h50 - Abertura da Feira de Livros e da exposição de Artes Plásticas e Coquetel

19h - Bate-papo com o escritor

19h30 Palestra e Mesa Redonda sobre Marketing Cultural Palestrante: Gian Danton/Ivan Carlo

sexta-feira, dezembro 14, 2007

A chuva estragou o show

Ontem fomos no show de 50 anos de Joãozinho Gomes e Val Milhomem. Foi um belo encontro da cultura amazônica, um show inspirado, inesquecível... e que foi estragado por um fenômeno tipicamente amazônico: a chuva. O toró começou quando o show ainda estava no começo, logo depois da apresentação do poeta Thiago de Melo. Quando estava esquentando, acabou. A impressão que tive é de que quem organizou o show não é da Amazônia e, portanto, não contava com a chuva.
Um show desses tinha que ser num lugar coberto ou no período das secas. Sei que os produtores não são responsáveis por um fenômeno natural, mas como fica a situação dos consumidores que sairam frustrados?
Promover um evento sem levar em consideração as peculiaridades regionais parece erro primário...

quinta-feira, dezembro 13, 2007


O amigo Charles Chelala manda avisar sobre o lançamento do livro Desenvolvimento Sustentável no Amapá: uma visão crítica, amanhã, dia 14, na Assembléia Legislativa, às 19 horas.
Gostei também do material promocional do Bee Movie. Eles colocaram uma árvore de natal com as cores do personagem na entrada do cinema e os presentes tinham a logomarca do filme . Confira abaixo.

Ontem assistimos Bee Movie. Muito bom! O filme é um projeto do humorista Seifield, que produziu e roteirizou. É uma fita que acaba mudando os nossos conceitos sobre animação. Estamos acostumados demais com o padrão Pixar: desenhos com muita ação e muito humor visual. Seifield criou um novo padrão: uma animação calcada nos ótimos diálogos. Os diálogos inteligentes são todo o charme do filme. É também um humor muito surreal: trata-se da história de uma abelha que resolve processar os humanos de apropriação indébita do mel. Curiosamente, essa nova ótica parece ter agradado as crianças: ontem o cinema estava cheio.

Leitores do Jeca têm descontos na loja da Conrad


Os leitores deste blog vão ter descontos na loja da Conrad. Os descontos são de 10 reais nas compras acima de 60 reais e de 20 reais nas compras acima de 120 reais. `

Para ter os descontos, acesse: www.lojaconrad.com.br/cupomdados.asp e digite o cupom:


Cupom de desconto especial de Natal de R$ 20,00 nas compras acima de R$ 120,0017-CUP12-000000-268402937

ou

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Obs: Indico comprar as obras de Neil Gaiman.


terça-feira, dezembro 11, 2007

Dia 18 estarei ministrando uma palestra sobre Marketing Cultural no teatro das Bacabeiras, como parte do projeto Lamparina, organizado pela jornalista Alcinéa Cavalcante. A Alcinéa fez uma apresentação minha em seu blog:

Gian Danton no Projeto Lamparina
Professor universitário, mestre em Comunicação, jornalista, escritor e roteirista de quadrinhos, Gian Danton, pseudônimo de Ivan Carlo, está no Projeto Lamparina - alumiando a cultura amapaense. Ele vai palestrar sobre marketing cultural, terça-feira, 18, no Teatro das Bacabeiras. Uma pesquisa no Google sobre ele aponta 42.300 resultados. Leia mais

Ps: na verdade, uma pesquisa com as palavras Gian Danton no Google aponta 71.400 resultados... :)
Ps2: o projeto Lamparina tem diversas outras atrações interessantes, acompanhe no blog da Alcinéa a programação.

segunda-feira, dezembro 10, 2007


história dos quadrinhos 15
Capitão Marvel

O Super-homem foi o iniciador e também o personagem símbolo da era de ouro dos quadrinhos, e, por mais que aparecessem mais e mais super-heróis, parecia que nenhum deles nunca iria ter fôlego para bater o Homem do amanhã. Isso até surgir o Capitão Marvel, o herói de maior sucesso da era de ouro.
O rei da era de ouro surgiu na Fawcett, uma editora de um ex-oficial da I Guerra Mundial. Ele entrara no mercado publicando revistas de piadas, mas, diante do sucesso dos gibis, resolveu publicar também seu Super-homem. Assim, ele pediu ao editor Bill Parker e ao ilustrador C.C. Beck que se encarregassem da empreitada. Os dois criaram o Capitão Trovão. Para diferenciar, eles decidiram que as explicações para os poderes do personagem não seriam científicas, como no caso do Homem de aço, mas mágicas.
Assim, Billy Batson é um jovem repórter de rádio escolhido por um mago para ser campeão da verdade. Para se transformar, ele precisa dizer a palavra SHAZAN!, sigla que lembra heróis clássicos da mitologia (Salomão, Hércules, Atlas, Zeus, Aquiles e Mercúrio). Cada herói se relaciona a uma qualidade do herói. Assim, Salomão representa a sabedoria, Hércules a força física, Atlas o vigor, Zeus o poder, Aquiles a coragem e Mercúrio a velocidade.
Ao dizer pela primeira vez a palavra, um raio o atingiu e ele se transformou no mortal mais poderoso do planeta.
O Capitão Marvel estreou na revista Flash Comics, numa edição distribuída a poucas pessoas, feita apenas para garantir os direitos sobre o personagem. Mas, para azar da Fawcett, uma outra editora lançou, no mesmo mês, uma revista com o mesmo nome. Assim, a revista precisou ter seu título alterado para Whiz Comics e o personagem foi lançado oficialmente em fevereiro de 1940, agora renomeado como Capitão Marvel. As histórias fizeram sucesso imediato, ameaçando rapidamente o reinado do Super-homem. A razão disso é que o personagem explorava muito melhor os limites (ou falta de limites) do gênero superheroiesco. Além disso, o desenho de CC Beck até hoje enche os olhos dos fãs. Para completar, havia os ótimos roteiros de Bill Parker, que depois seria substituído pelo igualmente competente Otto Binder.
Binder não só continuou a tradição de seu predecessor, como ainda tornou mais complexo o universo do personagem, introduzindo novos elementos em sua mitologia. Assim, o Capitão Marvel ganhou um companheiro, Capitão marvel Jr., e uma companheira, Mary Marvel. O interesse dos leitores era tão grande que os personagens da família Marvel se espalharam por duas outras publicações: Wow Comics e Master Comics. Também havia toda uma, uma das melhores que já povoaram os quadrinhos (o único super-herói que rivaliza com ele, em termos de originalidade de seus inimigos, é com certeza o Batman). Dos adversários do Capitão Marvel, dois se destacam: o Dr. Sivana, descrito como o cientista mais maluco do mundo, que deu ao Capitão Marvel seu apelido mais famoso, o de Big Red Cheese (Grande Queijo Vermelho); e o Senhor Cérebro, uma minhoca verde de óculos, que se comunicava utilizando um amplificador de voz.
O sucesso acabou incomodando a National, que publicava o Super-homem, e esta entrou na justiça contra a Fawcett acusando-a de plágio de seu principal personagem.
A batalha judicial prolongou-se durante anos, encerrando-se em 1953 com um acordo proposto pela Fawcett, que havia decidido, devido às baixas vendas de sua revista, abandonar a publicação de histórias em quadrinhos e dedicar-se a outras atividades.
Devido a esse acordo, o Capitão Marvel mergulhou no limbo durante o restante dos anos 50 e todos os anos 60 no mercado norte-americano, retornando a ser veiculado somente durante a década de 70. No Brasil, no entanto, ele foi republicado normalmente durante os anos 60, pela Editora Rio Gráfica, do Rio de Janeiro. E, no Reino Unido, teve até um substituto, o Marvelman, atualmente conhecido como Miracleman, um personagem que nos anos 1980 revolucionaria os quadrinhos nas mãos de Alan Moore.

sábado, dezembro 08, 2007

A história abaixo foi escrita por mim e desenhada pelo curitibano Antonio Eder para uma edição sobre teorias da conspiração, que acabou não saindo. Ter uma história desenhada pelo Antonio é sempre um prazer. Ele dá um jeito de tornar as situações ainda mais interessantes. Eu sempre me surpreendo positivamente. (Para ver em tamanho maior, clique nas páginas)







Música de hoje



Um Messias Indeciso
Raul Seixas


Certa vez houve um homem
Comum, como um homem qualquer
Jogou pelada descalço
Cresceu e formou-se em ter fé
Mas nele havia algo estranho
Lembrava ter vivido outra vez
Em outros mundos distantes
e assim acreditando se fez
E acreditanto em si mesmo
Tornou-se o mais sábio entre os seus
E o povo pedindo milagres
Chamava esse homem de Deus
Ahh quantas ilusões
Nas luzes do arredor
Quantos segredos terá
E enquanto ele trabalhava
Na sua tarefa escolhida
A multidão se aglomerava
Perguntando o segredo da vida
E ele falou simplesmente
Destino é a gente que faz
Quem faz o destino é a gente
Na mente de quem for capaz
E vendo o povo confuso
Que terrível, cada vez mais lhe seguia
Fugiu pra floresta sozinho
Pra Deus perguntar pra onde ia
Mas foi sua própria voz que falou
Seja feita a sua vontade
Siga o seu próprio caminho
Pra ser feliz de verdade
E aquela voz foi ouvida
Por sobre morros e vales
Ante ao messias de fato
Que jamais quis ser adorado

quinta-feira, dezembro 06, 2007

O crítico (ou meu conto de Lobato)



Sérgio tinha um sonho: ser ator. Passava os dias modorrentamente numa repartição pública, remoendo essa frustração.

Já não bastasse o sonho não realizado, Sérgio ainda tinha de agüentar chacota dos colegas de repartição. A verdade é que era quase impossível ver aqueles homenzinho de testa larga, cabeça calva, sem esboçar um sorriso. Duas lentes garrafais pendiam de sua protuberância nazal, ocupando a maior parte do rosto, que por sinal afinava no queixo, dando impressão de que faltara massa ao conjunto. A barriga, enorme, era uma exibida e teimava em pular para fora da camisa. Seu andar tinha o rigor quacquacqueano dos patinhos na lagoa: barriga inclinada para a baixo e a região glútea inclinada para cima, com os pezinhos de menina se movimentando lá embaixo.

Já que não tinha coragem de realizar seu sonho, contentava-se em estragar os dos outros. Costumava dizer que era um crítico e estava ali para criticar.

- E criticava?

Desbundava. Nos debates, após as apresentações, bastava que ele abrisse a boca a pronunciasse o fatídico “Eu vejo erros!” para que os atores estremecessem.

Seu olhar de rancor conseguia encontrar erros mínimos, que passavam despercebidos para todos os outros. Sérgio eram também um profundo pensador e havia criado para si uma teoria de teatro tão flexível e ao mesmo tempo tão ortodoxa que lhe permitia criticar qualquer um, dos pobres atores de periferia aos grandes astros nacionais.

Ignora-lo era pior. Quando percebia que não estavam levando a sério suas críticas, entrava em pânico. Não era justo. Aquela era o único momento em que ele brilhava e não podiam, de forma alguma, tirar-lhe essa glória! Recomposto da mágoa, ele se levantava, deslizava seus pezinhos pelo salão, cortava a palavra dos outros, apontava nervosamente o dedo e gritava sua máxima:

_ Isso não é teatro! Vocês estão brincando de fazer teatro! Isso não é teatro!

Pronto! Estava feito. Agora era a Ursa Maior, brilhando intensamente por todo o teatro e cegando com sua luz todos os hereges que ousavam discordar dele. Para melhor efeito, ele se sentava de quando em quando, para, de repente, estourar no meio da frase de alguém:

- Isso não é teatro!

Tumultuar era-lhe uma delícia!

Um dia leu uma frase de Augusto Boal que o deixou particularmente preocupado: “Qualquer um pode fazer teatro, até mesmo os atores”.

Ora, se qualquer um podia fazer teatro, por que ele – justo ele! – não podia? Isso era especialmente irritante.

Nesse dia, Sérgio deslizou seus pezinhos pela repartição, coçando a cabeça e fazendo retângulos imaginários no chão. Pensou primeiro em diminuir a importância de Boal. Bastava para isso recorrer à sua infalível máxima: “Isso não é teatro!” e tudo estaria resolvido. Boal não fazia teatro, não sabia o que era teatro e, portanto, não podia ensinar nada a ele... bom... muito bom... mas nem tanto. Se Augusto Boal não fazia teatro, que fazia? Não, não convinha discordar dele... era famoso demais, respeitado demais... e, quem sabe, talvez Boal tivesse razão e qualquer um podia fazer teatro... até... ele!

Era isso! Ia tomar coragem e realizar seu sonho. Imaginou-se fulgurante no palco, olhando de cima os pobres espectadores, a quem só restaria assistir boquiabertos. Não havia dúvidas: seria um sucesso! Anos e anos de crítica teatral tinham lhe dado experiência o bastante para fazer o melhor espetáculo possível.

O problema era encontrar um grupo. Sérgio dizia que os que os que existiam estavam por demais viciados “pelos erros que se espalhavam como uma peste pelos espaços cênicos”. Não. Ele cortaria o mal pela raiz. Descobriria uma terra ainda virgem para plantar nela os frutos do que considerava o verdadeiro teatro.

A notícia se espalhou. Sérgio, o crítico, estava montando uma peça e a apresentaria à cidade para mostrar a todos o que era um teatro sério. Quanto ao elenco, alguém indicou-lhe um grupinho de colégio, repleto de fedelhos em fraudas.

Convence-los a se deixar dirigir foi moleza. Bastou alguns termos técnicos e uma conversa fiada sobre marcação e expressão corporal para que os pobres coitados tivessem que recolher o queixo do chão.

De posse da trupe, o grande dilema foi escolher a peça a ser encenada. Passou nisso um mês, matutando. Não descobriu, por fim, nenhum autor nacional que estivesse à sua altura. Não montaria nada menor que Shakespeare. Decidiu, então, montar Sonhos de uma noite de verão.

Sérgio nunca pensou que fosse tão difícil e desgastante montar uma peça. Os vinte uma atores dificilmente podiam ser reunidos num só dia; o dinheiro saía aos borbotões de seus bolsos para gastos que iam da passagem dos atores ao lanche que os miseráveis exigiam quando o ensaio se alongava.

O cenário, mandou-o fazer por um cenógrafo paulista de passagem pela terra. Mas acabou não gostando. Foi obrigado a pagar, entre ameaças de prisão e troca de gentilezas de ambas as partes. Jogou tudo fora e se concentrou na tarefa de produzir, ele mesmo, com ajuda de alguns carpinteiros, o cenário. Como não queria cair no mesmo erro da cenografia, desenhou pessoalmente a roupa de cada personagem, acompanhando passo a passo sua confecção.

Mais alguns gastos com pequenos detalhes, e secou a mina. Teve de pedir emprestado a amigos para cobrir a sonoplastia, a iluminação, o frete do caminhão que traria a cenografia... Para pagar a chamada na TV, foi obrigado a recorrer a uma agiota com jeito vampiresco que fazia antever um futuro preocupante.

Finalmente chegou o dia da estréia. Após um ano de árduos ensaios, de noites sem sono, de aborrecimentos sem fim, havia afinal chegado o grande dia.

O teatro lotou. Todos estavam curiosos para ver como seria a grande obra do crítico. Tratava-se de um momento histórico.

Tocaram as três sinetas e Sérgio, que tinha reservado para si o papel de Auberon, entrou. Parou no foco e olhou para a platéia. Então uma revolução começou a acontecer dentro dele, a começar pelas pernas, que bambearam de todo. Ele abriu a boca, gaguejou as primeiras palavras do texto, piscou seis vezes e caiu para trás, completamente fulminado de medo.

Virou mártir. Os amigos inventaram a história de que ele havia tido um ataque cardíaco durante o espetáculo e escreveram nos jornais, louvando a bravura daquele grande herói cênico, e explicando sua contribuição para o teatro regional, nacional e (quem sabe?) internacional. Seu nome foi cantando como de um campeão de Olimpíada, analisaram as possíveis contribuições de seu legado, o apnhado kitch da cenografia, o surrealismo do figurino...

Sérgio, curiosamente, nunca mais pisou num palco. O mais perto que chegava deles era nos debates, aos quais voltou com fúria redobrada:

- Isso não é teatro!

terça-feira, dezembro 04, 2007

Lugar nenhum

Na segunda metade da década de 1980, os comics americanos foram sacudidos por uma geração de quadrinistas britânicos. Vários artistas, entre desenhistas e roteiristas invadiram a DC Comics e, embora trabalhassem com personagens menores, fizeram com que eles vendessem tão bem quanto as maiores estrelas da casa, como Batman e Superman. Entre esses artistas, dois se destacaram: Alan Moore e Neil Gaiman.
Alan Moore pegou o título do Monstro do Pântano, em vias de ser cancelado e o transformou numa revista respeitada, ganhadora dos mais diversos prêmios. Depois escreveu Watchmen, uma das mais revolucionários histórias de super-heróis de todos os tempos. O sucesso de seu trabalho fez com que ele retomasse a série V de Vingança, publicando-a pela DC Comics.
Neil Gaiman passou de fã a companheiro de Alan Moore. Inicialmente um jornalista especializado em quadrinhos, ele aproveitou a visita dos editores da DC à Inglaterra para mostrar seu trabalho em conjunto com o amigo Dave Mckean. Para isso, ele escolheu uma personagem obscura da década de 1970, que não interessava a nenhum artista famoso na época: a Orquídea Negra. A minissérie de luxo Orquídea Negra se tornaria um sucesso e revolucionaria o mercado com sua arte fotográfica e texto poético, mas antes que fosse publicada, os editores sugeriram que Gaiman escrevesse um título mensal. Gaiman começou então sua carreira em Sandman, sendo Dave Mckean responsável pelas memoráveis capas. A primeira seqüência delas mostrava uma prateleira de madeira na qual o artista juntava cacarecos, desenhos e colagens. Ninguém nunca tinha visto aquilo numa história em quadrinhos e muitos certamente compraram Sandman pela primeira vez por causa das capas. Mas o que fez com que eles continuassem a comprar foi o texto excelente de Gaiman.
Em Orquídea Negra e Sandman, Neil Gaiman elevou os quadrinhos a um nível literário poucas vezes alcançado. Qualquer um que botasse os olhos naqueles gibis sabia que estava diante de um grande escritor. O autor trazia conceitos, técnicas e abordagem da literatura, fazendo com que intelectuais se tornassem fãs de Sandman. Até mesmo as mulheres, que normalmente são avessas aos comics americanos, acabaram se rendendo a Sadman. Nas filas de autógrafos, especialmente no Brasil, havia geralmente mais mulheres que homens.
Uma pergunta que todos faziam na época é: como se sairiam esses artistas em um trabalho realmente literário? Alan Moore respondeu a essa questão com o romance A voz do fogo (lançado no Brasil pela editora Conrad), um trabalho denso, pesado, até de difícil leitura, uma daquelas obras que permite várias e várias interpretações.
A resposta de Neil Gaiman foi Lugar Nenhum, romance escrito em 1996 e lançado recentemente pela Conrad.
Lugar Nenhum é adaptação de uma série de TV escrita por Gaiman para o canal britânico BBC. O personagem principal é Richard Mayhew, um jovem escocês que vive vida normal em Londres. Tem um bom emprego, mas meio chato, e namora uma garota ideal, embora meio chata.
Mas um dia ele encontra uma garota ferida na rua e, após socorrê-la, sua vida muda completamente. Seus colegas e até sua namorada o ignoram, como se ele não existisse, seu apartamento é alugado para estranhos. Ele não consegue nem mesmo pegar um táxi. É que ele passou a fazer parte da Londres de Baixo, onde vivem os tipos mais excêntricos: assassinos letrados, monges negros, nobres decandentes, falantes de ratês e muitos outros. Agora, para recuperar sua vida de volta, Richard precisa ajudar Door, a garota esfaqueada, a descobrir quem matou sua família.
Como se vê, Gaiman preferiu, em seu primeiro romance, seguir a mesma linha fantástica que o caracterizou em Sadman. Ele decidiu pisar em terreno conhecido e que domina como ninguém. Vale lembrar que muitos afirmam que Harry Potter é uma cópia de Livros da Magia, obra em quadrinhos escrita por Neil Gaiman.
Se em Sandam e Orquídea Negra, Gaiman trouxe para os quadrinhos técnicas e temas literários, em Lugar Nenhum ele faz o caminho inverso. Trouxe para a literatura os avanços alcançados por ele nos quadrinhos. As semelhanças narrativas são óbvias. Quando a namorada dá o fora em Richard, ele vai para casa e o texto narra: ¨ele tomou um demorado e quente banho de banheira, comeu alguns sanduíches e bebeu várias xícaras de chá. Viu um pouco de TV, à tarde, e ensaiou conversas com Jéssica em sua cabeça. Ao término de cada diálogo imaginário, eles se abraçavam e faziam sexo de um jeito selvagem, apaixonado, furioso, cheio de lágrimas, e tudo ficava bem¨. Em Sandman 17, na história Calliope, Gaiman escreveu: ¨E Madoc levou Calliope para sua casa, e trancou-a no quarto mais alto, que havia preparado para ela. Seu primeiro ato foi violentá-la, na velha e mofada cama de armar. Ela nem mesmo é humana, ele disse a si mesmo. Ela tem milhares de anos de idade. Mas sua carne era quente, e seu hálito doce, e ela segurava as lágrimas como uma criança enquanto ele a feria¨.
Está ali, também, em Lugar Nenhum, os pequenos contos em meio às histórias maiores, que caracterizavam o roteiros de Gaiman. Em Lugar Nenhum acompanhamos, por exemplo, a história de Anaesthesia, uma garota que acompanha Richard pelo perigoso caminho até o Mercado Flutuante, onde ele deverá se encontrar com Door. A mãe de Anaesthesia ficou louca e ela foi mandada para morar com uma tia, que morava com um homem: ¨Ele me machucava. Fazia outras coisas também. No fim, eu contei pra minha tia e ela começou a me bater. Disse que eu estava mentindo. Disse que ia me entregar para a polícia. Mas eu não estava mentindo. Então eu fugi. Era meu aniversário¨. Com o tempo a menina foi se tornando invisível às pessoas e um dia, quando acordou, fazia parte da Londres-de-baixo.
A história da menina mostra a preocupação de Gaiman de construir um perfil até mesmo para os personagens menores. Cada um tem sua história de vida, sua personalidade e até seus cacoetes. As descrições detalhadas fazem com que, com o tempo, o leitor comece a ver essa outra Londres como um mundo ainda mais real do que aquele em que vivemos. São poucos os escritores que conseguem nos mergulhar assim em um mundo construído por eles.
Os que não iniciados no mundo das resenhas talvez não saibam, mas a maioria dos resenhistas lêem os livros com olhares críticos, analisando estilos, tramas e tudo o mais com um lupa racional. Confesso que houve um determinado ponto em Lugar Nenhum que foi impossível continuar fazendo isso, de tal forma a história era envolvente. O mesmo deve acontecer com um leitor comum desde os primeiros capítulos.
Se não bastassem os méritos literários, a Conrad (que publica os encadernados de Sandman) fez um ótimo trabalho editorial, ressaltado pela ótima capa de Dave Mckean (que os editores tiveram o bom-senso de preservar).

segunda-feira, dezembro 03, 2007


O blog dos quadrinhos traz notícia sobre dois chargistas (Santiago e Kayser) do Jornal do Comércio, do Rio Grande do sul, que foram demitidos por causa de charges que fizeram. Leia aqui a história toda.
HISTÓRIA DOS QUADRINHOS 14
Batman


O surgimento do Super-homem foi um fenômeno de vendas sem precedentes. Logo todo editor estava pedindo a seus artistas que fizesse cópias daquele heróis. Uma dessas cópias surgiu um ano mais tarde, em 1939 e ficaria tão famoso quanto o Homem de aço: o Batman.
Bob Kane, assim como os criadores de Super-homem, era um garoto judeu que sonhava se tornar uma estrela com os quadrinhos. Seu pai era gráfico do New York Daily e conhecia um pouco do negócio (o que faria grande diferença na hora de negociar os direitos autorais).
Bob queria criar um super-herói que fizesse tanto sucesso quanto o super-homem. Acontece que ele não era exatamente um intelectual, e não conseguia escrever a histórias. Quando ele conheceu o jovem escritor Bill Finger, foi um casamento perfeito. Embora Finger pretendesse se tornar um escritor sério, ele também era apaixonado pelos pulp fiction e estava disposto a produzir qualquer coisa que lhe rendesse dinheiro.
Procurando inspiração para sua criação, Bob Kane vasculhou sua coleção de Flash Gordon e se deparou com os homens-pássaros desenhados por Alex Raymond. Ele então apresentou para Finger um herói vestido de vermelho, com asas mecânicas, chamado Homem-pássaro.
Finger achou que não era uma boa idéia. Como o personagem ia estrelar uma revista chamada Detetive Comics, ele pensava que deveria ter um ar mais soturno, uma criatura noturna, furtiva, envolta em uma capa preta. Que tal se fosse inspirado num morcego? Eles bolaram então um personagem vestido de cinza, com uma capa preta recortada, um capuz com orelhas e olhos que pareciam apenas frestas, dando um ar assustador ao conjunto. Para completar o conjunto, colocaram um morcego no peito do herói (para imitar o S do Super-homem) e lhe deram um cinto de utilidades com mil e uma bugigangas.
Os editores da National acharam o personagem perfeito para a Detetive Comics, mas Kane se negou a vender os direitos totais do personagem. Seu pai consultou um advogado e conseguiram um bom contrato que garantia muitos direitos para o desenhista. Posteriormente, quando Jerry Siegel e Joe Shuster tentaram conseguir na justiça os direitos do Super-homem, estes procuraram Bob para que ele entrasse com eles no processo. Ao invés de fazer isso, ele procurou a editora e negociou um contrato ainda melhor para ele.
Batman estreou no número 27 da revista Detetive Comics, em maio de 1939 e foi um sucesso imediato. Como Bill Finger não conseguia dar conta de todos os roteiros, Kane pediu à editora um segundo roteirista e apareceu Gardner Fox, que, na primeira história, mostrou o personagem levando um tiro. Isso definiu algo que ficaria claro nos anos seguintes: o personagem era o oposto do Super-homem. Enquanto um era a luz, o outro era as trevas. Enquanto o Super-homem vivia na ensolarada e otimista Metrópolis, Batman se esgueirava pelos becos escuros da corrompida Gothan City. Se o Super-homem era invencível e gostava de ricochetear balas em seu peito, o Batman era falível, um humano normal, que só ganhava graças à sua astúcia e ao cinto de utilidades.
Por muito tempo os leitores achavam que Bob Kane fazia todos os desenhos (a sua assinatura constava em todas as histórias), mas logo surgiram vários desenhistas fantasmas. Entre eles, Jerry Robinson, Jim Mooney e Sheldon Moldoff. Na época, Kane ficou famoso e costumava levar garotas em seus carrões para ver sua mansão adornada por uma série de quadros de palhaços pintados por ele. Dizia-se que até esses quadros haviam sido feitos por um desenhista fantasma.
Com o tempo, a descoberta de que muitas crianças liam a história fez com que fosse introduzido um parceiro mirim, o Robin. A partir de então, todo herói que se prezava tinha que ter um parceiro infantil. Geralmente eram eles que vendiam lancheiras para crianças.

sábado, dezembro 01, 2007

Abaixo o trailer de O Cheiro do ralo:


Assisti O Cheiro do ralo, filme de Heitor Dhalia com roteiro de Marçal Aquino e Heitor Dhalia. Filmaço. Muito bom, com narrativa ácida e humor negro. É baseado no livro de Lourenço Mutarelli, que faz o papel de um segurança no filme. Conheci o Mutarelli em São Paulo, no HQ Mix de 1986. Estavávamos no stand da editora Abril. Depois de ser esnobado por um pessoal que fazia um zine com notícias sobre a Marvel e por um artista que fazia trabalhos para os EUA e hoje está desaparecido, encontrei com o Mutarelli e tivemos uma ótima conversa. Passamos quase que uma tarde inteira trocando figurinhas. Além de ser gente-boa, o Muta é um ótimo quadrinista e é bom ver uma obra sua ser transformada num ótimo fime.


Abaixo a sinopse do filme:


Lourenço (Selton Mello) é o dono de uma loja que compra objetos usados. Aos poucos ele desenvolve um jogo com seus clientes, trocando a frieza pelo prazer que sente ao explorá-los, já que sempre estão em sérias dificuldades financeiras. Ao mesmo tempo Lourenço passa a ver as pessoas como se estivessem à venda, identificando-as através de uma característica ou um objeto que lhe é oferecido. Incomodado com o permanente e fedorento cheiro do ralo que existe em sua loja, Lourenço vê seu mundo ruir quando é obrigado a se relacionar com uma das pessoas que julgava controlar.

sexta-feira, novembro 30, 2007


O Neorama dos Quadrinhos traz o link para uma série de informações sobre a adaptação de Watchmen para a tela grande. Uma das novidade é que O Contos do cargueiro negro, uma história dentro de Watchmen, será filmada e virá como brinde no DVD do filme. Mais novidades aqui.

quarta-feira, novembro 28, 2007

Palestra Marketing de guerrilha


Não perca. Dia 1 de dezembro estarei na Feira do Empreendedor, do SEBRAE, na Expofeira, ministrando uma palestra sobre Marketing de Guerrilha. O público alvo são micro-empresários e estudantes de administração e comunicação (lembrando que vai ter certificado).

A promoção de vendas é uma ferramenta de marketing formidável. Pode criar uma boa imagem da empresa e do produto, pode neutralizar a propaganda do concorrente, pode aumentar o consumo, pode deixar mais satisfeitos os consumidores, fidelizando-os. Eu disse pode. Uma promoção mal-feita, ou mal-intencionada tem consequeências opostas.

É famoso o caso da loja que anuncia desconto de 60%, apenas para o consumidor descobrir que apenas um item está com 60%, geralmente com defeito. O cliente normalmente sai da loja revoltado.

Outro exemplo lamentável é de uma panificadora que dava cinzeiros de brinde para seus clientes.

A promoção poupançudos da CAIXA poderia ser um bom exemplo de promoção. Foram criados personagens simpáticos para divulgar a poupança da CAIXA e esses personagens foram transformados em cofrinhos para quem fizesse depósitos.

Pois bem, sou cliente da CAIXA há bastante tempo e nunca consegui ganhar esse brinde. A única resposta que recebo do caixa, quando vou fazer depósitos, é: está em falta.

Aparantemente, a CAIXA se preocupou em gastar uma fortuna divulgando a promoção, mas não se preocupou em abastecer as agências com o brinde. Ou então, foram distribuídos brindes apenas para a agências da região sul e sudeste.

O consumidor amapaense, que faz seus depósitos fica com a impressão de que foi iludido. Para um banco, que tem como principal capital a credibilidade, isso é fatal.

terça-feira, novembro 27, 2007

"Persépolis" é festejado na Alemanha


A animação da novela gráfica "Persépolis", de autoria da iraniana Marjane Satrapi, é celebrada na Alemanha após estréia nos cinemas do país.
Para boa parte da mídia internacional, Marjane Satrapi acaba de inaugurar um gênero cinematográfico: a "autobiografia animada". A artista gráfica transformou sua própria história em quatro volumes de HQs, agora adaptados por ela e por Vincent Paronnaud para as telas do cinema num filme de animação. Uma obra documental, porém, Persépolis não é.

"O filme não é um depoimento autobiográfico, nem psicológico, nem tampouco político. Não se trata de um documentário. A realidade, em si, não me interessa, mas sim as impressões que ela deixa. É daí que surge minha história", diz Satrapi em entrevista ao semanário alemão Die Zeit. Leia mais

segunda-feira, novembro 26, 2007

Deu a louca no trânsito

O trânsito de Macapá tem umas coisas estranhas. Talvez pelo fato de MUITA gente ter comprado ou ganhado carteira de motorista, as regras de trânsito começaram a ficar estranhas. Por exemplo, todo mundo faz conversão pela contramão. Num cruzamento, se alguém se aventura a fazer a conversão de maneira correta, é xingado pelos outros motoristas.
Outro detalhe é que a via rápida passou a ser a da direita. Todo mundo que está lento, vai pela esquerda, e quem quiser ultrapassar é obrigado a passar pela direita. Dia desses me deparei com um carro no meio da pista e fiz sinal, pedindo passagem. Ele, claro, muito educado (mas sem noção nenhum de trânsito) foi para a esquerda, para me deixar passar pela direita...
Isso já é tão institucionalizado que dia desses vi um cortejo fúnebre avançando por uma das principais ruas da cidade... e lá iam eles... à esquerda da pista!

domingo, novembro 25, 2007



HISTÓRIA DOS QUADRINHOS 13
O Super-homem


Na década de 1930 dois jovens judeus, Jerry Siegel e Joe Shuster andaram por quase todas as editoras e sindicates da época tentando vender um personagem que haviam criado. Todo mundo achava que o personagem era irreal demais e dificilmente venderia bem. O nome desse personagem era Super-homem, um dos maiores sucessos dos quadrinhos de todos os tempos.

O personagem havia surgido em um fanzine de ficção-científica editado por Siegel, o Science Fiction. Era um homem pobre, escolhido na fila para sopa e submetido a uma experiência científica que lhe dava poderes de ouvir o pensamento das pessoas e comandar seu comportamento. Graças a esses poderes, ele se transforma no governante despótico do mundo. Ou seja, inicialmente, o Super-homem era um vilão.

Com o surgimento das revistas em quadrinhos baratas (que no Brasil foram chamadas de gibis), Siegel percebeu ali um mercado e decidiu transformar seu personagem em um herói, aos moldes de Doc Savage, herói da literatura pulp.

O super-homem unia todos os elementos da cultura pop norte-americana: o valentão bonzinho batendo nos malfeitores (como nos pulp fiction), a malha colante dos fisiculturistas da época e a dupla identidade.

Conta a lenda que numa noite abafada de verão, Siegel não conseguia dormir e passou insone, pensando em seu personagem. De quando em quando ele se levantava, tomava água e fazia anotações. Quando amanheceu, ele já tinha o personagem estruturado, com sete semanas de história.

A história não é bem assim. Na verdade, o Super-homem foi sendo estruturado com o tempo, de acordo com as diversas recusas dos editores. Os dois quadrinistas chegaram até a fazer uma versão mais hard, para uma revista masculina.

Os sindicatos de distribuição, editoras e até estúdios (como o de Will Eisner, que posteriormente iria criar o ótimo Spirit) recusavam a tira com observações do tipo “Trabalho imaturo” ou “Prestem mais atenção ao desenho”.

Quando a National precisou de uma história pronta para colocar em uma nova revista que estavam lançando e que precisava estar nas bancas o quanto antes, Sheldon Mayer se lembrou do Super-homem que estava na pilha de materiais rejeitados. Não se sabe se foi uma antecipação do sucesso ou se era simplesmente a coisa que estava mais à mão, mas o fato é que a editora mandou uma carta com os originais para os dois rapazes dizendo que se eles conseguissem transformar aquelas tiras em uma história de 13 páginas o quanto antes, eles a comprariam.

Assim, Action Comics estreou no dia 1 de junho de 1938, tendo o Super-homem na capa, na sua pose clássica, segurando um carro acima dos ombros, para espanto de bandidos que fogem desesperados. Era um trabalho grosseiro, como se diversas histórias estivessem coladas sem muito nexo, mas mesmo assim provocou uma revolução no mercado. Não era só o heroísmo, mas também o humor. Em uma seqüência, o Super-homem corre por fio de alta tensão, levando um bandido consigo. “Não se preocupe. Os passarinhos ficam nos cabos telefônicos e não são eletrocutados – desde que não toquem num poste telefônico! Opa! Quase bati naquele ali!”. Era algo novo: um herói fazendo piada. Isso conquistou os garotos.

A revista começou a vender horrores. Os donos da editora National mandaram algumas pessoas perguntarem nas bancas o que estava provocando o sucesso do gibi e o que ouviram foi: “As crianças querem mais desse herói”.

Conforme aumentava a popularidade do herói, aumentavam também seus poderes. No começo, ele apenas dava saltos enormes, mas logo estava voando. No começo ele era imune a balas (famosa a cena em que bandido atiram e as balas ricocheteiam em seu peito), mas logo ele já era capaz de agüentar até uma bala de canhão. Em uma história o herói foi obrigado a entrar telhado a dentro porque suspeitava que numa casa se escondia um bandido. Para evitar que novos telhados fossem danificados, foi inventada a visão de raio x.

Se por um lado ele era o herói mais poderoso da Terra, por outro lado, em sua identidade secreta, ele era Clark Kent, um repórter bobalhão que era sempre passado para trás pela colega Lois Lane. A diferença entre eles era de apenas um óculos, mas mesmo assim Kent conseguia enganar a todos. Alguns roteiristas acreditaram que o alter-ego de Super-homem fosse mesmo um bobalhão, mas trabalhos mais recentes, como de Grant Morrison em All Star Superman mostram que na verdade, ele apenas se faz passar por bobalhão.

Essa falsa dualidade Super-homem x Clark Kent permite um processo de identificação e projeção. O leitor se identifica com Clark Kent, mas se projeta no super-herói e suas realizações.

Com o tempo foram adicionados novos elementos à mitologia do personagem. Surgiu a kriptonita para contrabalancear os poderes cada vez maiores do personagem. A kriptonita verde pode até matar o herói. Já a vermelha tem efeitos imprevisíveis, podendo transformar o herói até mesmo em um monstro. Foi criada uma fortaleza da solidão, no pólo Ártico, um local em que o personagem guarda recordações de seu mundo e de suas aventuras.

Com o tempo, ficou claro também que um personagem tão poderoso não poderia combater reles marginais e surgiram os super-vilões, como Lex Luthor, Bizarro e Brainiac.

Comprei A Saga do Tio Patinhas, sem dúvida uma das melhores HQs Disney de todos os tempos. A história e os desenhos são de Don Rosa, o quadrinista que revitalizou o personagem Tio Patinhas, mas não há, na revista lançada pela Abril, uma única referência a ele. O motivo: recentemente Don Rosa ameaçou processar a Abril por usar seu nome para vender revistas Disney. Como desforra, a Abril decidiu não colocar os créditos dessa história (acompanhe todo o caso aqui).

Existem dois nomes essenciais quando se fala em quadrinhos Disney. O primeiro é Carl Barks. O segundo é Don Rosa. Carl Barks foi o autor da maioria daquelas histórias do Tio Patinhas e do Professor Pardal que você leu quando criança e gostou. Don Rosa é um seguidor à altura. Embora não seja tão criativo quanto o mestre, ele é um ótimo desenhista e faz de suas HQs homenagens ao bom Barks. A Saga do Tio Patinhas contou com a participação dois, já que Barks foi uma espécie de consultor do projeto, ajudando a definir a biografia do pato mais pão duro do mundo.

sábado, novembro 24, 2007

Do blog do Raul Mareco:

BIÓGRAFO DE CHE GUEVARA ESCURRAÇA MAU JORNALISMO DE VEJA

*Foto: John Lee Anderson, Vi o Mundo.
A tendenciosa Revista Veja publicou semanas atrás uma extensa reportagem sobre a "verdadeira" história do mito Che Guevara, literalmente metralhando toda uma história que nos foi apresentada sobre a trajetória de Che. Eu tinha afirmado, ao ler alguns trechos, que Diogo Schelp, repórter que escreveu o texto, o fez com raiva, muita raiva. Se deu
Foi amplamente criticado por diversos meios de comunicação, jornalistas, críticos por ter feito um péssimo jornalismo, tentando fazer com que a opinião de quem lesse, se tornasse como ele, raivosa. Li hoje no excelente blog Vi o Mundo, do jornalista Luiz Carlos Azenha, a surra que o biógrafo de Che, John Lee Anderson, americano, e que também foi espancado pelo "jornalista" de Veja, escreveu uma bela resposta, que você pode ler na íntegra aqui.
Leia um trecho:
"Infelizmente, a maior parte do que você escreveu é mera propaganda, um requentado de coisas que vêm sendo ditas e reditas, sem muitas provas, pela turma de oposição a Fidel em Miami nos últimos quarenta e tantos anos. Minha questão não é política. Escrevi um livro, como você mesmo disse, que é 'a mais completa biografia' de Che.
Sua reportagem, no fim das contas, é simplesmente ruim e me choca vê-la nas páginas de uma revista louvável como Veja. Seus leitores merecem mais do que isso e, se aparecerei ou não novamente nas páginas da revista enquanto você estiver por aí, não me preocupa. O que PREOCUPA é que, com tantos jornalistas brilhantes como há no Brasil, foi a você que Veja escolheu para ser 'editor de internacional".

sexta-feira, novembro 23, 2007


Charge de Eduardo Reis

Memória da propaganda


Casamento

Américo só percebeu que se metera numa enrascada quando já estava casado. A esposa era uma megera. Tratava-o por palerma, idiota, desengonçado... Certo dia, como ele encontrasse dificuldade em consertar um chuveiro, a mulher acrescentou um novo adjetivo á coleção:
- Nem pra isso você serve, seu imprestável!?!
Imprestável. Parece que gostou do termo, pois passou a usá-lo em todas as frases dirigidas ao marido:
- Venha jantar, seu imprestável.... faça a barba, imprestável...
Com o tempo, Américo foi abandonando todos os seus prazeres. Deixou de comprar livros (ela sempre reclamava dos gastos com esse tipo de bobagem...), deixou de visitar os amigos e, por fim, desistiu até de assistir seus programas prediletos na TV. Isso porque, sempre que estava assistindo algo, ela o chamava com o pretexto de trocar uma lâmpada, enxugar a louça do jantar ou fazer qualquer outros desses serviços domésticos.
- Você lavou a louça e não enxugou, seu imprestável! - arrematava ela, como agradecimento.
À medida em que o humor da esposa ia piorando, também ia aumentando seu sedentarismo. Até o ponto em que os vizinhos só tomavam conhecimento dela através dos gritos histéricos com que ela recebia o marido todas as noites...
Depois de muitos anos trabalhando sempre no mesmo serviço burocrático, chegando em casa sempre à mesma hora, Américo teve, finalmente, uma atitude que se poderia chamar de autônoma. Chegou em casa com um belo aparelho de som. A esposa que já o esperava pronta para reclamar do atraso, não se conteve:
- Para que isso, seu imprestável? Não sabe que eu não gosto de música?!?
E desatou a reclamar por duas horas inteiras. Américo gravou tudo. E gravou também a reprimenda do dia seguinte, e do outro. Quando achou que já tinha o suficiente, esganou a esposa e enterrou o corpo no porão.
A partir de então chegava em casa toda a noite e ligava o toca-fitas. Depois ligava a TV, ou pegava um livro, e se divertia pelo resto da noite. Os vizinhos, acostumados a só saberem da mulher pelos seus tremendos gritos, nunca desconfiaram de nada. Pelo contrário. De vez em quando algum vizinho pensava consigo:
- Coitado do Seu Américo. Agüenta poucas e boas da sua mulher. Se fosse eu, já a tinha matado...

Compre o livro O melhor da comédia da vida privada no Submarino.

quarta-feira, novembro 21, 2007

Eu costumo sonhar com roteiros de filmes e quadrinhos, mas essa foi a primeira vez que sonhei com uma propaganda. Seria para um portal de informação que se posicionasse como o primeiro a dar as notícias. Vejam abaixo o resultado:

PROPAGANDA PORTAL INFORMAÇÃO

Um homem de meia idade sentado em um sofá. Ele não é bonito, e parece meio bobo. Chama-se Afrânio. A cena começa como se nós o tivéssemos pegado no meio de uma frase.

AFRÂNIO: E eu disse: Mas o John Lennon já morreu? E a minha mulher: Pô, Afrânio, você é sempre o último a saber! Papo vai, papo vem, falamos em futebol, e eu: Mas o Pelé já parou de jogar. E a minha mulher: Pô, Afrânio, você é sempre o último a saber! Aí falaram de política e eu: Mas o Getúlio Vargas não é mais presidente do Brasil? E a minha mulher: Pô, Afrânio, você é sempre o último a saber!
A mulher de Afrânio (uma loira estonteante) se aproxima, pega no ombro do Afrânio e pisca maliciosamente para o telespectador.

LETREIRO: Logomarca e slogan do portal.
LOCUTOR (OFF): Portal Informação. Não seja o último a saber.

Volta para o Afrânio. Ele olha inebriado para a mulher e fala com o telespectador.

AFRÂNIO: Ele é apaixonada por mim...

terça-feira, novembro 20, 2007

Marketing de Guerrilha será tema de palestra na Feira do Empreendedor

A palestra será ministrada às 19h do dia 1º de dezembro durante a 44ª Expofeira do Amapá e 2ª Feira do Empreendedor.

Da assessoria de comunicação do Sebrae/AP

A guerra pelo consumidor é acirrada entre as grandes empresas. Diante dessa realidade, as micro e pequenas empresas estão em busca de novos meios para atrair clientes, pois, como trata-se de empreendimentos de pequeno porte, os recursos disponíveis para propaganda são limitados. Impossibilitados de competir financeiramente com os “gigantes” do mercado internacional, as pequenas empresas começaram a aderir o que se chamou de “Marketing de Guerrilha”.

Segundo o professor de Marketing do Centro de Ensino Superior do Amapá (Ceap) e da Faculdade de Macapá (FAMA), Ivan Carlo, a guerrilha na propaganda vai surgir em contraposição “a guerra das grandes empresas” que gastam milhões de dólares todos os anos com propaganda. Então, como um pequeno empreendimento poderia concorrer com esses gigantes do mercado?

Uma saída seria começar a desenvolver campanhas nas mídias não convencionais (Blogs, orkut, e-mails, youtube) direcionadas inteiramente para o segmento do mercado consumidor que se pretende atingir. Não seria viável, por exemplo, gastar 10 mil reais em uma propaganda de TV que atingirá milhares de pessoas que não têm interesse algum no produto que se deseja vender.

O Marketing de Guerrilha, como foi escrito por Jay Conrad Levinson no seu livro Guerrilla Marketing de 1982, utiliza-se de maneiras alternativas para executar suas atividades de marketing e com orçamentos “apertados”. Levinson afirma que pequenas empresas empreendedoras são diferentes de empresas grandes. Ele lembra um artigo da Harvard Business Review de Welsh e White que diz que pequenos negócios não são versões menores de um negócio grande. Por causa da falta de recursos dos pequenos negócios, estes precisam utilizar diferentes tipos de estratégias de marketing e táticas.

Segundo Ivan Carlo, é justamente essa a principal vantagem desse tipo de marketing: baixos custos com propaganda e um total conhecimento da fatia de mercado que o empresário busca. “Em geral, táticas de guerrilha são usadas por uma parte mais fraca contra uma mais forte. O conhecimento do terreno de combate também é uma arma bastante usada nas guerras de guerrilhas”, disse o professor.

Outra grande característica do marketing de guerrilha é a chamada mídia espontânea. Ou seja, fazer com que o consumidor faça a propaganda do empreendimento, da marca ou produto. Segundo Ivan, apesar de parecer um pouco estranho convencer o consumidor a “vestir a camisa”, isso é possível quando se desenvolve a interatividade, construção da relação com o público.

A princípio, as ferramentas de Marketing de Guerrilha são utilizadas por empresas pequenas com o objetivo de brigar com grandes concorrentes ou simplesmente sobreviverem. Mas, explica Ivan, “na atual sociedade saturada de comunicação, grandes empresas começam a utilizar essa possibilidade de propaganda em seu mix de martketing para atingirem os corações e mentes de seus públicos-alvo”.

segunda-feira, novembro 19, 2007


Essa polêmica sobre a matéria a respeito de Che Guevara só revela algo que qualquer um com um mínimo de miolo sabe: a Veja está ilegível. A revista toda é tendenciosa e seu principal colunista é o Diogo Mainardi. Dia desses, em uma matéria sobre o novo livro desse rapaz, a revista relembrou a primeira vez que Mainardi apareceu na Veja. Na década de 1970, lá ia ele andando pelo centro de São Paulo com seu rolex e sapato importado quando viu um grupo de grevistas quebrando a fachada de um banco. Embora não simpatizasse com os grevistas ou tivesse qualquer relação com eles, ele entrou na brincadeira e lá foi quebrar bancos. Ou seja, o principal colunista, da principal revista do país, é um moleque vândalo...

Nada é impossível, exceto compreender propagandas em inglês


Após anos usando anglicismos, anunciantes da Alemanha têm redescoberto sua própria língua. Se a publicidade é um termômetro dos tempos, o que isso pode dizer sobre o estado atual da sociedade alemã? Leia mais


Comentário: olha o grande dilema do marketing internacional: padronizar a comunicação e a marca mundialmente ou adaptar a cada local?

domingo, novembro 18, 2007


A Veja é um dos melhores exemplos daquilo que o gonzo jornalismo critica: o discurso da objetivida a serviço de interesses ideológicos (e usado para esconder a parcialidade). Uma matéria de capa sobre Che Guevara mostrou isso e provocou um grande debate, que pode ser acompanhado no blog do amigo Daniel Lopes. Para se ter uma idéia, até o autor do livro que serviu de base para a reportagem achou-a tendenciosa.

Saudita estuprada por gangue é condenada a 200 chibatadas

Frances HarrisonBBC News

As mulheres sauditas são sujeitas a leis de segregação de sexo rigorosas.
Uma corte de apelação na Arábia Saudita condenou uma mulher estuprada por uma gangue a 200 chibatadas e seis meses de prisão por infringir as leis de segregação por sexo do país. Leia mais

Comentário: logo se vê como Bush está levando a civilização para o Oriente Médio...

HISTÓRIA DOS QUADRINHOS 12
O Tico-tico


O Tico-tico foi a primeira revista em quadrinhos do Brasil. Conta a lenda, impressa na capa do primeiro número, que um grupo de pirralhos foi até a revista O Malho exigir que fosse criada uma publicação específica para eles.

Na verdade, o dono de O Malho, estava de olho nesse novo e crescente mercado representado pelas crianças. Um mercado, aliás, que durante anos não teria qualquer concorrência.

O primeiro número saiu em 11 de outubro de 1905 e seguia o modelo da revista francesa La Semaine de Suzette. Tinha quatro páginas coloridas. As outras usavam uma combinação de branco com vermelho, verde ou azul.
Custava 200 reis, preço que manteve até 1920.

Embora a inspiração fosse francesa, o personagem principal, Chiquinho, era um decalque de Buster Brown, do norte-americano Richard Outcault, publicado no jornal The New York Herald. O personagem era um garoto travesso que fazia as maiores traquinagens e acabava muitas vezes apanhando. Seu inseparável companheiro era o cão Tige. No Brasil, o desenhista Luís Gomes Loureiro adaptou o personagem, renomeando-o de Chiquinho. O cão virou Jagunço, e logo a série ganhou um coadjuvante, o negrinho Benjamin, retratado com a visão que se tinha do negro na época: descalço, lábios grossos, roupas simples e subserviente. Embora fosse um decalque, a adaptação ficou tão boa que durante muito tempo acreditou-se que Chiquinho era um típico personagem brasileiro.

A descoberta da origem do personagem se deu na década de 1950, quando um grupo de desenhistas novatos comparou Chiquinho com Buster Brown. Entretanto, Chiquinho tem sido reabilitado por ter conseguido se adaptar à realidade brasileira. Além disso, os decalques pareciam ser moda na época. Na Holanda, o garoto virou Sjors, do clube dos rebeldes, uma série reverenciada até hoje e de grande influência nos quadrinhos locais.

Alguns dos mais importantes artistas gráficos do Brasil colaboraram com O Tico-Tico. Entre eles, J. Carlos, um cartunista que conseguiu criar um traço único, tão diferente e simples que seus trabalhos constam no Museu das Caricaturas, na Basiléia. Segundo estudiosos, um desenho seu de um papagaio serviu de inspiração para que Walt Disney criasse o Zé Carioca. Na revista O Tico-tico ele ficou famoso pela personagem Lamparina, uma negrinha do morro que vivia pregando peças nos adultos.

Outro que se destacou foi Luiz Sá. Com seus personagens redondos, ele foi o pioneiro da arte da animação no Brasil, tendo feito um desenho em sequência com mais de cem metros, que nunca foi exibido por falta de patrocínio. Para a publicação, ele criou Reco-reco, Bolão e Azeitona, um trio de garotos que apareceram de 1931 até o fechamento da revista na década de 1960.

Finalmente, Max Yanton foi outra estrela da revista. Ele era especializado em tipos pitorescos, vagabundos e sem família. Sua criação mais famosa foi Kaximbown, de 1908, um aventureiro que nunca pagou seu empregado Pipoca e vivia se dando mal a cada episódio. O personagem ficou tão famoso que Rui Barbosa só chamava o desenhista de Kaxibown.

sábado, novembro 17, 2007

Um abraço pode ser viral? Veja a resposta nesse ótimo vídeo.
Para quem não sabe, o Bar da Boa, da Antartica, começou com um viral. Os publicitários fizeram uma festa de lançamento e, além da grande imprensa, convidaram blogueiros, que entravam com o compromisso de fazerem ao menos uma postagem sobre o evento. Confira os detalhes aqui.

sexta-feira, novembro 16, 2007

Olha que legal essa ação de guerrilha do Hopi Hari. Não tem como a pessoa não prestar atenção.

quinta-feira, novembro 15, 2007


Ainda agora uma carro passou disparado na frente da minha casa. como tem uma vala atravessando a rua e a velocidade era muito alta, o carro bateu e quase capotou. detalhe: minha rua não é preferencial, então ele iria bater qualquer carro que viesse na preferencial. Sexta-feira passada, a irmã do senador Gilva Borges morreu num acidente assim. Alguém avançou o sinal fechado e bateu no carro dela. Dia desses eu conversava com um ex-aluno que faz fisioterapia comigo. Um carro avançou a preferencial e bateu no carro dele. A coluna dele quebrou ao meio. Os ocupantes do outro carro não tiveram um único ferimento e estão dirigindo até hoje. Detalhe: eles estavam bêbados e, provavelmente, participando de um racha. Há uns dois anos, eu vi uma tentativa de assassinato: um caminhão perseguiu um carro e o arrastou por uma quadra inteira. Todos se lembram do caso do filho do Zé Miguel. O rapaz foi atropelado por um carro a uma velocidade tão grande que o corpo chegou a ser desmembrado.
Em todos esses casos, algo em comum: quem provocou o acidente está impune. Na maioria das vezes não perde nem mesmo a carteira de motorista e pode continuar matando à vontade.
Quando são julgados, o são como homícidio culposo (sem intenção de matar), e não como homício doloso. Ora, uma pessoa que participa de um racha ou que sai para dirigir bêbado, a alta velocidade pode não ter a intenção de matar, mas está assumindo um risco e, portanto, a responsabilidade.
Vai aqui um apelo aos nossos representantes (em especial ao senador Gilvan Borges, que está sofrendo com o problema): lutem para leis mais severas para quem comete crimes no trânsito.
Felizmente, a justiça está fazendo a sua parte. Recentemente o Supremo Tribunal de Justiça mandou a juri popular o acusado de um crime de trânsito.

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Um dos melhores clipes do rock nacional: Raul Seixas cantando Gita.