sábado, outubro 07, 2006

A maçã de Isaac Newton


Quando Isaac Newton completou 12 anos, a mãe, sem saber o que fazer com aquele filho esquisitão, que não se adequava ao trabalho da fazenda, mandou-o para a cidade e para a escola. No povoado, Newton ficou na casa de um boticário, Sr. Clark. O pequeno Newton não se interessava muito pelos estudos, que consistiam, basicamente, em aprender gramática latina. Além disso era o alvo predileto do enteado do Sr. Clark. Uma vez em que este lhe chutou a barriga, Newton decidiu ir à forra. Deu uma grande surra no rapaz e esfregou seu nariz num muro. E tomou uma decisão: a partir daí seria o melhor da turma em latim. E não só isso. Seria também o melhor em tudo o que pudesse.
Não há dúvidas de que ele conseguiu. Assim que se formou em Cambridge, em 1665 e 1666, ele fez algumas das maiores descobertas de todos os tempos e elaborou a teoria que serviria de paradigma para a ciência durante séculos e só seria suplantada pela teoria da relatividade. Em dois anos ele elaborou o teorema do binômio, as tangentes, a lei da gravidade, o cálculo diferencial, as cores e o cálculo integral.
É justamente a história desse gênio que o livro "Isaac Newton e sua maçã" conta. Escrito de forma muito divertida por Kjartan Poskitt e ilustrado por Philiph Reeve, o volume faz qualquer um se interessar pelas descobertas de Newton, mesmo quem nunca teve muito interesse por física ou matemática (como é o caso deste Colunista).
Com a ajuda de histórias em quadrinhos, ilustrações e muitas metáforas, Poskitt e Reeve fazem com que conceitos complicadíssimos como, o cálculo diferencial, pareçam coisa de criança.Para não chatear o leitor, os autores entremeiam as explicações científicas de fatos históricos e curiosidades sobre a vida de Newton. Entre elas o fato de que Newton simplesmente não divulgava suas idéias. O livro reproduz um diário imaginário de Newton em que ele teria escrito, em julho de 1965: "Acabei de inventar a técnica matemática mais útil do mundo, mas não vou contar para NINGUÉM!".
Esse era o velho Newton que, além dessa tinha outras excentricidades, como espetar o olho ou ficar horas olhando para o céu na tentativa de descobrir como se formavam as cores (ele quase ficou cego, mas descobriu que as cores não eram um junção de preto e branco, como acreditavam os antigos).
Para explicar o que é aceleração constante, o livro sugere que o jovem leitor faça uma experiência hilária (sempre com a supervisão dos pais, claro). Para fazer a experiência são necessários um avião grande, com uma porta imensa, um elefante com velocímetro, um cronômetro, um binóculo e esfregão e baldes enormes.Quando estiver a milhares de metros acima do solo, jogue o elefante do avião, ligue o cronômetro e observe pelo binóculo. Você irá constatar que a velocidade aumentará 10 metros a cada segundo. Duas coisas afetam a aceleração constante. Uma delas é o ar, que, devido ao atrito, diminui a velocidade do elefante, especialmente se ele abrir as orelhas. A outra coisa é o chão... bem, é aí que você vai precisar do esfregão e do balde...
Há quem acredite que se deva divulgar ciência da maneira mais séria possível. Para essas pessoas, contar detalhes curiosos da vida de Newton seria um verdadeiro sacrilégio. Nada mais falso. Ao contar pequenos detalhes interessantes da vida de um cientista, o autor mostra ao público que cientistas também são humanos e que a ciência não está separada de nossa vida. Pelo contrário, tudo à nossa volta se relaciona, de alguma maneira com descobertas e teorias científicas.A importância do livro de Poskitt está justamente aí, em mostrar que a ciência pode ser um tema divertido e interessante. Agora, se você ainda está se perguntando o que uma maçã tem a ver com tudo isso, é bom ler o livro rapidinho.

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