sexta-feira, agosto 11, 2006

ABELARDO, O HERÓI(OU FARSA BORGEANA)

A história ocorre no século passado, em alguma colônia em vias de se livrar do jugo da metrópole. Um grupo de pessoas se reúne para planejar a rebelião. São atores, escritores, pintores, quase todos artistas. Três se destacam: Lafayete, Félix e Rodrigo. Lafayete é escritor, os outros dois atores.
O plano se concretiza maravilhosamente. As principais cidades são libertadas, mas a metrópole manda uma esquadra com milhares de soldados para controlar a situação. Assim, os três amigos se dirigem ao litoral para organizar a defesa da recém-criada nação. Nos intervalos, entre uma batalha e outra, engendram um divertimento. Resolvem inventar um herói. Dão a ele o nome de Abelardo. Imaginam sua personalidade, sua estatura, suas características físicas, sua história de vida, tudo. Mandam mensageiros à capital, noticiando a magnífica atuação de Abelardo. Félix chega a se vestir como Abelardo e aparece na frente das tropa, comandando-as. No final, percebendo a impossibilidade de levar o engodo muito a diante, resolvem matá-lo. Abelardo morre em batalha, defendendo a nação. O corpo de um dos soldados é escolhido para preencher o caixão.
Abelardo é recebido com triunfo por onde seu caixão passa. Ele é enterrado com toda a pompa na capital e sua morte faz com que os soldados ganhem novo ânimo para lutar. Se antes guerreavam pela liberdade, agora matavam por vingança.
Quando Lafayete, Félix e Rodrigo retornam à capital, toda e qualquer resistência à independência está anulada. Juntos, os três formam um triunvirato e governam o pais. Mas Félix e Rodrigo são pegos mantendo relações sexuais com seus servos. Lafayete, cego pelo poder, empreende contra eles uma cruzada moralista. Aos que argumentam que os dois são heróis da independência, ele responde simplesmente: "A independência só teve um herói, e foi Abelardo". Félix e Rodrigo são presos, julgados e mortos em praça pública. Mas antes preparam sua vingança. Forjam documentos, abrindo caminho para que Lafayete seja acusado da morte de Abelardo. Alguns senadores descobrem o documento e o acusam formalmente. A notícia corre e a populança invade o palácio e mata Lafayete ali mesmo, aos pés da estátua que este havia mandado erigir em honra a Abelardo.

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