quinta-feira, agosto 31, 2006

De luto...

Estamos de luto. Alan Moore anunciou que não vai mais trabalhar com o mercado norte-americano de quadrinhos. Leia a notícia na íntegra no Melhores do Mundo.

Ficando famoso...

Um grupo de jovens de Belo Horizonte está fazendo um trabalho de escola sobre escritores mineiros que se tornará livro. Elas identificaram 980 escritores mineiros e, como representante de Lavras, colocaram eu... O pai de uma delas é o amigo José Carlos Neves, do site Alan Moore, o senhor do caos (link aí ao lado) e quando ele disse para elas que me conhecia e que, inclusive já tinha me entrevistado para seu site, elas não acreditaram...

Gemstone republicará revistas da EC Comics

Por Sérgio Codespoti (29/08/06)
Russ Cochram e a Gemstone Publishing publicarão, a partir de outubro, os EC Archives.Serão encadernados em capa dura reimprimindo algumas das melhores revistas da famosa editora EC Comics. Leia mais no Universo HQ

Comentário: A EC Comics foi uma das melhores editoras de quadrinhos de todos os tempos, mas foi fechada pelos reacionários MacCarthistas, pessoas que só aceitam que a sociedade tenha pensamento único. McCarthy não podia aceitar, por exemplo, que a EC Comics fizesse histórias pacifistas em plena Guerra da Coréia. Infelizmente, como sempre, a censura falou mais alto. Mas o melhor de tudo é que ninguém se lembra dos censores, mas os grande artistas sobrevivem. E, rapaz, se essa coleção sair no Brasil, vou ser o primeiro a comprar.

terça-feira, agosto 29, 2006

Bolo de cenoura não!

Estão dizendo por aí que vão me processar por causa da receita de bolo de cenoura que publiquei aqui no blog. Assim que chegar a intimação eu tiro do ar. Se quiserem que eu não coma bolo de cenoura, sim senhor, é pra já. Manda quem pode e obedece quem tem juízo... Eu é que não me meto em briga com gente poderosa, que tem a tesoura da censura nas mãos... eu não senhor.

segunda-feira, agosto 28, 2006

Conheça o site Transparência Brasil e veja que processos estão sendo movidos contra os candidatos a deputado federal.
A Alcinea Cavalcante publicou no seu blog um ótimo poema de Eduardo Costa. Confira.
"Verdes são os campos
Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.
Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.
Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração."
Luís de Camões

Bolo de cenoura

INGREDIENTES:
1/2 xícara (chá) de óleo
3 cenouras raladas
4 ovos
2 xícaras (chá) de açúcar
2 1/2 xícaras (chá) de farinha de trigo
1 colher (sopa) de fermento em pó Cobertura
1 colher (sopa) de manteiga
Cobertura
3 colheres (sopa) de chocolate em pó ou Nescau
1 xícara (chá) de açúcar
Se desejar uma cobertura molinha coloque 5 colheres de leite

China: Colaborador do New York Times condenado à prisão

«Zhao Yan foi condenado a três anos, mas não se assumiu como culpado de ter divulgado segredos de Estado, apenas de fraude», disse Mo Shaoping à Agência France Press, no exterior do Tribunal.
Zhao Yan, de 44 anos, respondeu à porta fechada, a 16 de Junho passado, perante um tribunal de Pequim por «divulgação de segredos de Estado» e por «fraude».
«É uma grande vitória, para nós e para o sistema judicial da China", afirmou outro dos advogados, Guan Anping.
O antigo correspondente do New York Times em Pequim, que sempre se afirmou inocente, foi preso a 17 de Setembro de 2004, alguns dias depois de o jornal norte-americano ter anunciado que o antigo número um chinês Jiang Zemin ia deixar as suas funções à frente do Exército.
Em Março, pouco antes da visita do Presidente Hu Jintao aos Estados Unidos, o tribunal tinha divulgado que iria retirar as acusações. No entanto, um mês depois, fez marcha-atrás e decretou a continuação do processo.
Sob controlo rigoroso do Partido Comunista, no poder, os media chineses são sujeitos a uma forte censura política.
Os jornalistas que se arriscam a passar os limites fixados pelo regime expõem-se a pesadas sanções e mesmo a cumprir penas de prisão. Leia mais

LIberdade de expressão

"A liberdade de expressão, sobretudo sobre política e questões públicas é o suporte vital de qualquer democracia. Os governos democráticos não controlam o conteúdo da maior parte dos discursos escritos ou verbais. Assim, geralmente as democracias têm muitas vozes exprimindo idéias e opiniões diferentes e até contrárias. Segundo os teóricos da democracia, um debate livre e aberto resulta geralmente que seja considerada a melhor opção e tem mais probabilidades de evitar erros graves. A democracia depende de uma sociedade civil educada e bem informada cujo acesso à informação lhe permite participar tão plenamente quanto possível na vida pública da sua sociedade e criticar funcionários do governo ou políticas insensatas e tirânicas. Os cidadãos e os seus representantes eleitos reconhecem que a democracia depende de acesso mais amplo possível a idéias, dados e opiniões não sujeitos a censura. Para um povo livre governar a si mesmo, deve ser livre para se exprimir — aberta, pública e repetidamente; de forma oral ou escrita. O princípio da liberdade de expressão deve ser protegido pela constituição de uma democracia, impedindo os ramos legislativo e executivo do governo de impor a censura. A proteção da liberdade de expressão é um direito chamado negativo, exigindo simplesmente que o governo se abstenha de limitar a expressão, contrariamente à ação direta necessária para os chamados direitos afirmativos. Na sua maioria, as autoridades em uma democracia não se envolvem no conteúdo do discurso escrito ou falado na sociedade. Os protestos servem para testar qualquer democracia — assim o direito a reunião pacífica é essencial e desempenha um papel fundamental na facilitação do uso da liberdade de expressão. Uma sociedade civil permite o debate vigoroso entre os que estão em profundo desacordo. A liberdade de expressão é um direito fundamental, mas não é absoluto, e não pode ser usado para justificar a violência, a difamação, a calúnia, a subversão ou a obscenidade. As democracias consolidadas geralmente requerem um alto grau de ameaça para justificar a proibição da liberdade de expressão que possa incitar à violência, a caluniar a reputação de outros, a derrubar um governo constitucional ou a promover um comportamento licencioso. A maioria das democracias também proíbem a expressão que incita o ódio racial ou étnico. O desafio para uma democracia é o equilíbrio: defender a liberdade de expressão e de reunião e ao mesmo tempo impedir o discurso que incita à violência, à intimidação ou à subversão."
Fonte: Wikipédia
Leia como seria Watchmen, se fosse escrita por Stan Lee.
Veja o clipe de Turistas, um triller de terror sádico que se passa no Brasil. Essa é a nossa imagem lá fora...

sábado, agosto 26, 2006

O mesmo senador pelo Amapá que tentou tirar do ar o mecanismo de busca Google agora voltou-se contra os blogs e processou o blog da Alcinéa Cavalcante por causa de um comentário de um leitor.
Em decorrência disso, ativei a moderação de comentários. Qualquer comentário que envolva o nome desse senhor será sumariamente deletado, falando bem ou mal dele. Este blog evita se envolver em questões de política partidária, mas o comentário de um leitor poderia dar origem a um processo.

sexta-feira, agosto 25, 2006

Entrevista no Justiça Eterna

Fui o entrevistado da edição 20 do fanzine Justiça Eterna, de Sérgio Chaves. (quem quiser adquirir o zine, escreva para justicaeterna@hotmail.com).

Na introdução da entrevista, Sérgio diz que sou uma referência quando falamos em roteiros de quadrinhos.

Reproduzo abaixo parte da entrevista (que é bem grandinha):


Na sua opinião, qual a importância das HQs na formação cultural de uma pessoa?
Durante muito tempo se achou que os quadrinhos provocavam preguiça mental, que quem lia quadrinhos não ia ler livros, não ia ser ninguém na vida. A história mostrou justamente o oposto. Os quadrinhos aproximam a pessoa da leitura e geralmente quem é um grande leitor de quadrinhos o é também de livros. Ouço muitos pais reclamarem que seus filhos não gostam de ler, mas que não compram quadrinhos para suas crianças. Tenho dois filhos, uma menina de 6 anos e um rapaz de 10. Os dois lêem quase que desesperadamente. A Moira só sabe comer se estiver lendo quadrinhos (ela adora “Turma da Mônica”). O Alexandre já está numa fase de se interessar por filosofia... com 10 anos! E tenho certeza de que foi a leitura de quadrinhos que mostrou a ele o quanto ler é divertido.

Na faculdade onde leciona, você costuma utilizar HQs em alguma situação?
De vez em quando. É complicado, porque não existe material sobre os assuntos que trabalho na forma de quadrinhos. O que lembro de ter usado foi uma HQ sobre o Newton.

Como surgiu sua paixão pelas HQs?
Leio HQ desde muito pequeno. Gostava das histórias do “Tio Patinhas” do Carl Barks e dos autores italianos, embora não soubesse quem fazia, mas percebia a diferença. Gostava também, muito, do Maurício de Souza. Aquela história do Nicolosi, em que Cebolinha e Mônica fazem “Romeu e Julieta” era um verdadeiro tesouro para mim... Um dia estava numa fila de banco e alguém me emprestou uma revista de super-heróis; era uma “Superaventuras Marvel”. Gamei. Tinha uma história do Demolidor, outra do Conan e outra do Dr. Estranho. Por incrível que pareça, a que mais me marcou foi a do Dr. Estranho. Tanto que, tempos depois, fiz um fanfic com o personagem... Aí comecei a ler de tudo. Dei sorte de começar a me interessar por quadrinhos numa ótima época, de Frank Miller no Demolidor, Claremont e Byrne nos X-men...

E você já sofreu algum tipo de preconceito com os quadrinhos?
Muitos. Em casa, eu era praticamente proibido de ler quadrinhos. Embora houvesse um estímulo quando eu era criança, conforme fui ficando adolescente, a pressão começou a aumentar... Mas não foi só na família. Recentemente, entrei numa lista de discussão sobre roteiros de telenovelas. Como vi que, além da discussão estrita sobre telenovelas; falava-se também sobre literatura, teatro, cinema, resolvi fazer um comentário, comentando as diferenças entre o roteiro de quadrinhos e o de novela. Quase fui expulso da lista! Dezenas de pessoas mandaram e-mails irados ao moderador alegando que eu estava fugindo do tema. Na opinião deles, quadrinhos não tem nada a ver com novela (e não conseguem ver que o vingador mascarado da novela “Sinhá Moça” é um herói de quadrinhos...).

Como você reage diante de opiniões ignorantes como essas?
Tento debater, mas a grande maioria prefere me ignorar (risos).

Quando começou a produzir seus próprios roteiros?
Eu fazia alguma coisa já na época da oitava série, ensino médio, tinha até uma imitação do Conan chamada Naum (e isso virou piada na escola: Quer ler a nova história de meu personagem? Nauummm!) e o Esquilo, que conseguia ser mais ridículo que o Naum, mas pelo menos voava... (risos) É, tem uma espécie de esquilo que voa, ou plana, mas o curioso é que a história se passava no Pantanal... Tempos depois, entrei na faculdade e conheci o Bené Nascimento, que estudava na sala ao lado da minha. Um dia ele chegou comigo e me mostrou umas páginas que tinha desenhado, mas não estava a fim de colocar texto. Perguntou se eu queria colocar texto. Eu, claro, aceitei. E foi minha primeira história, Floresta Negra, publicada na revista “Calafrio”. Costumo dizer que eu o Bené somos o ‘Stan Lee’ e o ‘Jack Kirby’ brasileiros. Inclusive, nosso método era parecido: discutíamos a história, ele ia para casa, fazia os desenhos e eu colocava o texto, o que era um grande exercício de percepção e imaginação. Acho que todo roteirista deveria fazer isso pelo menos uma vez. Só uma vez fizemos diferente. A história chamava-se “Decadence”, e era uma crítica ao terror clássico e uma apologia a Alan Moore, Neil Gaiman. Nessa história eu não só fiz o roteiro, como ainda fiz um rafe que o Bené seguiu à risca. Essa história, ironicamente, foi publicada numa revista chamada “Mephisto, terror negro”...

Como estava a situação na época?
Eu já peguei uma época não tão boa, mas que tinha reflexos dos ótimos momentos que foram a Grafipar e a Press. O Bené dizia que na época da Press ganhava dinheiro mesmo com quadrinhos e todo mundo ficava bobo, e havia uma certa esperança de que essa época voltasse. Além disso, havia uma euforia geral com a linguagem de quadrinhos. Caras como Frank Miller, Alan Moore, Neil Gaiman e Grant Morrison tinham mostrado até onde podia chegar a linguagem dos quadrinhos e estávamos doidos para explorar todo esse território bravio. Talvez seja uma época que nunca mais volte. Depois disso, a coisa só piorou. Veio o Collor e quebrou todas as editoras nacionais.

Porque o pseudônimo Gian Danton?
É uma longa e divertida história. Quando começamos a fazer HQ, eu e o Bené Nascimento fazíamos histórias criticando os militares (tínhamos um personagem chamado Coronel Ordem, que nunca foi publicado, talvez por medo dos editores) e ficávamos imaginando o que faríamos se a ditadura voltasse. O Bené era beleza, porque o nome dele não é Bené, é José Benedito, então até acharem ele, ele já estava em alguma embaixada... então, precisávamos de um pseudônimo para mim. Escolhi Jean Danton em homenagem ao líder da revolução francesa, mas depois achei que Jean não ficava legal e troquei por Gian, em homenagem ao Gian Lorenzo Bernini, um dos maiores nomes do movimento barroco, um grande teatrólogo, arquiteto, escultor, o Leonardo Da Vinci do Barroco. Com o tempo, o pseudônimo ficou tão ligado a mim que não consegui mais me livrar dele...

Mas, pessoalmente você também é conhecido por Gian, ou só em trabalhos quadrinhísticos mesmo?
É uma situação curiosa: em Macapá todo mundo me conhece como Ivan Carlo. Fora de Macapá, todo mundo me conhece como Gian Danton. Até a minha afilhada (filha do Joe Bennett) me chama de Gian Danton. Melhor assim. Se a ditadura voltar, vão ter que resolver esse quebra-cabeça antes de me acharem...

Aliás, continua sempre em contato com o Bené?
Sim. Sempre. Nas últimas férias fui para Belém e fiquei na casa dele. Foi bom para relembrarmos os velhos tempos. Aproveitei para escrever o texto de um projeto que pretendemos levar em frente, a “Família Titã”. Ficamos até de madrugada, produzindo. Dava para perceber a velha criatividade da dupla fluindo. O Bené é um dos melhores caras que já trabalhei. Os outros são o Jean Okada, o José Aguiar e o Antonio Eder. A seu modo, cada um é genial e com cada um eu tenho um método diferente de trabalho. Mas o resultado é sempre muito compensador quando se trabalha com um grande artista.


E como vê, hoje, a produção de roteiros no Brasil?
Vai ser cada vez mais difícil aparecerem bons roteiristas. Para começar, ele precisa conhecer um bom desenhista. Aí ele tem que lidar com os furos dos desenhista. Para ter uma idéia, tenho quase mil páginas de roteiros inéditos, que nunca foram desenhados porque o desenhista pulou fora no meio do projeto. Pior é quando o cara chega e diz: “faz um roteiro para meu o personagem”. Se o desenhista desistir, aquele material está perdido para sempre, pois você não pode apresentar para outro roteirista. Depois ele tem que lidar com os furos da editora. Tenho pelo menos 20 histórias desenhadas e inéditas. Muitas foram feitas a pedido de editoras, que depois decidiram que não queriam mais esse material...

Mas não tem planos para retomar esses trabalhos pendentes?
No caso dos trabalhos que foram criados a partir de parcerias com certos desenhistas, isso fica difícil. Em alguns casos os desenhistas até me deram autorização para tocar em frente, mas a verdade é que quando a gente escreve o roteiro para determinada pessoa, já faz no estilo dela. O Alan Moore faz uma comparação curiosa com os espetáculos de dança com cavalos. Quem vê, acha que o cavalo está acompanhando a música, mas na verdade, é o músico que está acompanhando os movimentos do cavalo. Por exemplo, eu tinha um personagem cômico chamado Capitão Albatroz, cujas tiras eram desenhadas por um fanzineiro chamado Rovel. Ficava muito bom, mas o Rovel resolveu deixar de fazer quadrinhos e tentei colocar essas histórias para outros desenhistas e não deu certo. Além disso, existem muitos roteiros que nem eu tenho mais cópia, especialmente da época em que eu fazia roteiros em máquina de escrever (e, de burro, entregava o original para o desenhista). Perdi pelo menos umas 30 histórias assim...

Nos últimos meses, surgiu a possibilidade de vigorar uma lei de incentivo aos quadrinhos nacionais. Você apóia ou discorda dessa lei?
Acho ótimo. Estou torcendo para que essa lei seja aprovada. Dou só um exemplo: o DOC TV, um concurso oficial que patrocina a produção de documentários fez ressurgir o documentário no Brasil. Leis desse tipo podem sim, ajudar.

Quando você produz uma HQ, sua preocupação é criar algo reflexivo ou apenas um bom entretenimento?
Minha preocupação é criar bom entretenimento. A mensagem vem junto. Claro, cada HQ é sobre um assunto, e você pode falar de filosofia a física quântica numa HQ, mas a diversão deve vir em primeiro plano. Aliás, um desenhista com que estou fazendo um projeto recentemente diz que o legal é que eu não fico tentando fazer uma obra-prima a cada quadrinho, mas só contar uma boa história. Não acho que Alan Moore estava pensando em criar uma obra-prima quando fez “Monstro do Pântano”. Ele só queria contar uma boa história, que tivesse alguma ressonância em seus leitores.

Atualmente, você tem lido o quê de quadrinhos? É muito seletivo?
Sai pouca coisa de quadrinho nacional, então leio pouca HQB, até porque moro em Macapá e aqui é mais difícil ainda conseguir material. Recentemente dois trabalhos do pessoal de Belém me chamaram atenção, “Belém Imaginária” e “Encantarias”. São trabalhos ótimos, que mostram que ainda existe gente produzindo material de qualidade. Quanto à HQ mais comercial, confesso que estou sem saco. No começo me empolguei com a Panini e comecei a comprar Demolidor, Marvel Max, Hulk. Mas aí comecei a perceber que esses trabalhos mais recentes são muito mais enrolação do que realmente qualidade. Veja o Brian Bendis. Os diálogos dele são excelentes, mas ele leva 10 edições para contar uma história que o Alan Moore contaria em duas... Atualmente só compro Marvel Max (por causa de poder supremo) e a coleção do Lobo Solitário. Aliás, eu me voltei para quadrinhos mais clássicos, década de 80 e até antes. Recentemente comprei em um sebo um encadernado da revista Gibi da década de 70 com material clássico de tiras de quadrinhos... um achado. E é material para ler por meses. Em termos de tempo e dinheiro, é preferível ler um gibi do que ler meses de Demolidor sem chegar a lugar nenhum. E estou relendo coisas da década de 80. Nunca me canso de ler os clássicos de Alan Moore. E até aquele material mais comercial também era bom, como o Esquadrão Atari. Também estou aproveitando essa coleção da Abril para voltar a reler as história do Carl Barks no Tio Patinhas...

Fale-nos sobre sua série “Mundo Dragão”, e sua experiência com desenhistas diversos, a forma de publicação, etc...
“Mundo Dragão” surgiu da percepção de que havia uma demanda muito grande para histórias infantis na rede... e poucas opções. Eu havia lançado pela Virtual Books dois livros infantis que eu havia escrito em homenagem aos meus dois filhos, Alexandre e Moira e foram sucessos absolutos. O Alexandre foi lido por 50 mil pessoas. Como história infantil tem que ter ilustração, tive a idéia de convidar alguns dos mais importantes quadrinistas brasileiros. O primeiro deles foi o Falex, que inclusive criou a estética dos personagens. Depois deles vieram muitos outros ilustradores, cada um melhor que o outro. As histórias são publicadas na Virtual Books (http://virtualbooks.terra.com.br/) e já está no capítulo 12. Ainda não recebi as estatísticas mais recentes, mas as anteriores mostravam um número de 500 mil leitores. Alguns deles são fãs, crianças ou pais que lêem para os filhos e escrevem perguntando quando vai sair mais um capítulo.

Recentemente, você teve duas obras lançadas pela editora Marca De Fantasia, “CIÊNCIA E QUADRINHOS” e “WATCHMEN E A TEORIA DO CAOS”. Fale-nos a respeito de ambos.
Ambos são capítulos da minha dissertação de mestrado, então um livro é complementar ao outro, mas podem ser lidos em separado. Em essência, os dois mostram como os quadrinhos sempre foram ótimos divulgadores de paradigmas científicos. A popularidade da noção do universo composto por átomos deve-se a uma HQ de Brick Bradford (Viagem ao interior de uma moeda). No segundo livro, aprofundo um assunto que trato também no primeiro: a forma como os quadrinhos de autores britânicos divulgaram a teoria do caos e a teoria do pensamento complexo, de Edgar Morin. Grant Morrison (em Homem-animal), Neil Gaiman (em Sandman e Livros da Magia) e principalmente Alan Moore (em Big Numbers e Watchmen) foram os autores que mais se engajaram em divulgar essa nova visão de mundo. Uma curiosidade: Eu fui a primeira pessoa, no Brasil, a dizer que Watchmen era baseado na teoria do caos. Isso no distante ano de 1993, no meu TCC de graduação.

quinta-feira, agosto 24, 2006

Um candidato a governador e outro a senador pelo Amapá entraram na justiça eleitoral com uma ação contra o mecanismo de busca Google. Não ficou claro se eles queriam tirar o Google do ar ou se queriam só que o Google deletasse toda informação sobre eles (ou talvez só a informação negativa). Eu só tinha visto algo assim na China, onde o governo inicialmente proibiu o Google, e depois liberou, mas desde que fossem barradas as buscas a palavras como Direitos Humanos...
Veja no blog da Alcilene a notícia.
Leia no site Corrêa Neto um texto meu sobre Pistas de qualidade.
Alguém aí já ouviu falar de Marketing? É, ao contrário do que muita gente pensa, marketing não é propaganda (embora propaganda seja marketing). Marketing está relacionado à satisfação do cliente. Parece que os supermercados YYamada se esqueceram disso. Eles entraram no mercado com uma água mineral de preço baixo e com um garrafão que não é tão frágil quanto os das outras empresas... e conquistaram mercado. Eu, por exemplo, comprei dois garrafões. E agora a matriz deixou de enviar água mineral para Macapá. Já faz mais de uma semana que os supermercados Yamada de Macapá não têm água mineral. Eu tinha optado pela água da Yamada porque todas as mercearias de meu bairro (Congós) decidiram não vender mais água mineral de marcas como Equador e Indaiá. A razão é que os garrafões, frágeis, rachavam com facilidade e depois não eram aceitos. Agora estou numa situação difícil. Os locais que vendem Equador e Indaiá não aceitam o garrafão da Yamada e no meu bairro não tem água tratada que possa ser consumida.
Mais marketing, senhores, mais marketing!
Navi Leinad, do blog Revelações da minha alma, deixou um comentário interessante sobre o meu texto a respeito do programa O Aprendiz:
"Esse episódio de O Aprendiz nos deu uma grande lição sobre o poder da informação, do quanto é importante ter conhecimento de uma maneira geral. Trabalhar apenas com o conhecimento específico é trabalhar errado, nos deixa isolados e fora da realidade onde estamos inseridos. "

De fato, aqui vale lembra Edgar Morin, segundo a especialização gera um saber fragmentado e incompleto. Hoje o mercado não quer mais a pessoa que sabe apenas da sua área, pois a resolução de problemas continuamente está na junção de várias áreas do conhecimento.

quarta-feira, agosto 23, 2006

O aprendiz


Semestre passado passei uma prova em que pedia para os alunos fazerem, entre outras coisas, um plano de mídia para o filme do Superman. Uma aluna tentou me devolver a prova, dizendo que não sabia e não precisava saber nada sobre o Superman, já que ia se formar em administração. Na ocasião, lembrei a ela de um episódio da série O Aprendiz, em que se falava da importância de cultura geral. Ontem o episódio de O Aprendiz foi todo sobre isso, uma espécie de show de perguntas e respostas sobre temas de que iam da ciência ao esporte. E uma das perguntas era justamente sobre... o Superman. Quando um dos participantes do grupo perdedor criticou a prova, Justus disse algo como: "Hoje o que vale é informação. É com informação que os executivos trabalham. Essa é a plataforma sobre a qual Bill Gates construiu seu império". Nunca se sabe quando uma informação pode ser importante. Ter um conhecimento geral, global, é importantíssimo em um mundo globalizado.

terça-feira, agosto 22, 2006

A professora da 6a. série perguntou para a turma:
- Qual é a parte do corpo humano que aumenta quase dez vezes seu tamanho quando é estimulada?
Ninguém respondeu, até que Natasha levantou, furiosa, e disse:
- Você não deveria fazer uma pergunta dessas para crianças da 6ª série! Eu vou contar para meus pais, e eles vão falar com o diretor, e ele vai demitir você!
Para o espanto da Natasha, a professora não apenas a ignorou como fez a pergunta novamente.
- Qual é a parte do corpo que aumenta em dez vezes seu tamanho quando é estimulada? Alguém sabe?
Finalmente, Rodrigo levantou-se, olhou em redor , e disse:
- A parte do corpo que aumenta dez vezes seu tamanho quando é estimulada é a pupila.
A professora disse:
- Muito bem, Rodrigo!Então, voltou-se para a Natasha e continuou:- E quanto a você, mocinha, tenho três coisas para lhe dizer: A primeira é que você tem uma mente muito suja para sua idade. A segunda: você não leu a sua lição de casa.E a terceira:... - DEZ VEZES ??? hahaha...... Um dia você vai ficar muito, mais muuuito desapontada, viu?

Anedota retirada do blog Kafé Roceiro.

Outra do Kafé:
"Conhece-te a ti mesmo, mas não fique íntimo."Luis Fernando Veríssimo - Escritor brasileiro.

Sanguessugas apostam em pizza

ANDREZA MATAIS da Folha Online, em Brasília
Esgotado o prazo, apenas o deputado Marcelino Fraga (PMDB-ES) renunciou hoje ao mandato para evitar o processo de cassação por estar envolvido com a máfia dos sanguessugas. O deputado teria recebido R$ 35 mil do esquema. Seu assessor recebeu mais R$ 10 mil, conforme depoimento de Luiz Antonio Vedoin, sócio da Planam, cabeça da quadrilha.Além dele, o deputado Coriolano Sales (PFL-BA) também abriu mão do mandato, mas a decisão foi tomada na semana passada. Os demais apostam no curto período que resta desta legislatura para escaparem da cassação. Leia mais

Veja aqui a relação dos deputados denunciados. Alguns são daqui do Amapá. Fique de olho. Quem faz uma vez, faz duas. Votar num sanguessuga é dar carta branca para continuar desviando dinheiro público.

segunda-feira, agosto 21, 2006

Vi no programa matinal da REDETV a história de um pastor psicopata que convencia as pessoas a venderem tudo que tinham e se mudarem para uma fazenda no interior de Minas Gerais onde eram tratadas como escravos. A situação era bem absurda. Casais, por exemplo, não podiam ter contato um com o outro e os filhos eram orientados a chamar as mães de prostitutas. Na entrevista com ex-membros da seita, a apresentadora perguntou: "Mas vocês não percebiam que havia algo errado?". E eles: "Percebíamos, mas eles eram tão convincentes, que convenciam de qualquer coisa...".
Embora tenha colocado aqui um ou outro link sobre a série LOST, a verdade é que nunca escrevi sobre ela. Assisti muito pouco na época da Globo, mas quando saiu em DVD, fui alugando e assistindo. Uma overdose. O que me impressionou é que em LOST a coisa mais importante, fundamental, é o roteiro. A trama foi muito bem elaborada, cheia de mistérios, com personagens bem construídos. Claro, antes disso tivemos Arquivo X, mas em LOST os mistérios são realmente revelados (embora muitas vezes saber a solução de um mistério, como o que há dentro da mala que kate tanto quer, só nos deixa mais curiosos), ao contrário do onanismo intelectual de Arquivo X, em que tudo sempre acabava em mistério. Além disso, depois ficou claro que Chris Carter nem era um roteirista tão bom assim. Só teve sorte de criar uma série que ecoou na psiquê de sua época.

domingo, agosto 20, 2006

Hoje fomos ao parque do Forte e fiquei impressionado. Poucos meses depois de ter sido inaugurado e vários brinquedos já estão depredados, aliás, justamente os dois que meus filhos mais gostavam foram desativados... Falta de civilidade da população unida à pouca preocupação com manutenção dão nisso.

sábado, agosto 19, 2006


Recebi uma caixa de revistas e livros da editora Opera Graphica, uma empresa para a qual tenho feito alguns trabalhos, incluindo os textos de contra-capa dos encadernados de Livros da Magia e de Ronin. O material que recebi é de excelente qualidade, incluindo um álbum do Príncipe Valente (mesma qualidade da época da Ebal), o Bizarro Comix, uma divertidíssima satira aos super-heróis que faz lembrar os bons tempos da MAD, muita coisa de Alan Moore, os livros anos 50, 50 anos, sobre a primeira exposição internacional de quadrinhos (que aconteceu no Brasil, na década de 50), o livro Super-heróis brasileiros... e várias edições da revista Vertigo, com histórias curtas. Essas revistas me impressionaram e lembraram os bons tempos em que HQ adulta era algo que te deixava arrepiado. Uma das histórias fala, por exemplo, de uma mulher, que para pagar a operação do filho, leva drogas para os EUA dentro de um bebê morto. Não é algo para se ler de noite, a não ser que você queira pesadelos. Mas o que mais me impressionou foi Olhando Você, com roteiro de Bruce Jones, publicada em Vertigo 2. Uma instigante história sobre um triângulo amoroso para lá de bizarro. Existem roteiristas de quadrinhos que só sabem escrever histórias sobre caras musculosos com cuecas por cima da calça trocando socos. E existem aqueles que são verdadeiros escritores, que mergulham fundo na alma humana. Bruce Jones é um deles. Pena que o trabalho dele no Hulk não tenha tanta qualidade assim.

Jornais dos EUA trarão primeiras HQs do Homem-Aranha

Por Érico Assis18/8/2006

Enquanto no Brasil os jornais diários fazem promoções com uma avalanche de DVDs fracos, na Europa e nos EUA a moda é encartar quadrinhos. E bons quadrinhos. Leia mais

terça-feira, agosto 15, 2006

Marvel se rende aos puritanos - por enquanto

Por Érico Assis15/8/2006

A onda conservadora nos EUA ataca os quadrinhos. Joe Quesada, editor-chefe da Marvel, anunciou na WizardWorld Chicago que, a partir de agora, a editora mostrará personagens homossexuais apenas na sua linha Max, para leitores adultos. Leia mais

Comentário: recentemente o presidente norte-americano George Busho deu uma declaração dizendo que a melhor forma de acabar com a proliferação da AIDS nos países pobres era a abstinência sexual. Ou seja, quem está no poder nos EUA é um pessoal que odeia minorias e acha que os pobres devem deixar de fazer sexo. Que saudades do Bill Clinton...

segunda-feira, agosto 14, 2006

Projeto de quadrinhos ajuda jovens em situação de risco

O lançamento da revista Menisqüência, que trata, como a própria define, de "quadrinhos, cultura e opinião", acontece nesta terça-feira, 15 de agosto, no Sarajevo Club (Rua Augusta, 1385 - São Paulo/SP), a partir das 22h.

A revista é parte de um projeto desenvolvido por jovens de uma região carente de São Paulo - a zona Noroeste, entre os distritos de Brasilândia, Parada de Taipas e Vila Nova Cachoeirinha. Leia mais no Universo HQ.

domingo, agosto 13, 2006

Criei no Orkut a comunidade Eu já fui vítima de um psicopata, para reunir pessoas com casos semelhantes ao meu e pesquisei comunidades parecidas. Procurei por Edson Pereira Barbosa, um psicopata que dava golpes em moças que ele conhecia pela internet. Através da moça ele conhecia outras pessoas e davam golpes em todo mundo (ele ficou famoso quando sua história apareceu no Linha Direta). O que me espantei é que descobri mais comunidades de fãs do psicopatas do que de vítimas. Mesmo na comunidade das vítimas algumas pessoas entravam apenas para ofender as vítimas, dizendo que elas eram otárias. Uma das comunidades de fãs é a "Edon Pereira Barbosa é o cara - Comunidade pra os que adoram essa figura que passa qualquer garota no papo!". Uma das pessoas dizia: "Assisti ontem na Globo... no Linha direta.. achei mto show... esse cara... hehehe que na lábia conseguia tudo... esse cara é o cara... hehehhe ". Um dos integrantes da comunidades de fãs dizia que o problema dele foi ter se sujado por merreca, pois um verdadeiro mestre teria roubado milhões de suas vítimas.
Por trás disso há a Lei de Gerson, o jogador de futebol que fazia um comercial na década de 70 dizendo "Você quer levar vantagem em tudo, certo?".
A psicologia descobriu que uma das profissões mais apreciadas por psicopatas é a política, uma posição de poder na qual eles se sentem à vontade. E, no Brasil, mais confortável ainda. O brasileiro médio pensa: "Esse é que é o cara. Deu um tremendo golpe e arrancou dinheiro dos otários", quando deveria pensar: "O dinheiro que esse indivíduo roubou poderia contribuir para melhorar o nosso país, salvar crianças da fome e das doenças".
Podem escrever: nas próximas eleições, todos os candidatos que estão envolvidos, por exemplo, com a máfia dos sanguessugas, serão reeleitos. Afinal o brasileiro gosta de levar vantagem em tudo, certo? E os psicopatas são seus ídolos.

sábado, agosto 12, 2006

Hermafroditas




Encontrei em um sebo daqui de Macapá uma coleção chamada Paradigmas, da editora Século Futuro. Pelo que pude perceber, é um vesão nacional de uma coleção chilena. A tradução escorrega em alguns termos (os golfinhos, por exemplo, são chamados de delfins em um artigo. O rei Salomão é chamado de Solomón em outro), mas os artigos de origem parecem ser bons, escritos por gente que entende do assunto. Cada livreto trata de quatro temas. O que mais me chamou atenção tratava da inteligência dos golfinhos, de visões da morte, de poderes psi e de hermafroditas.
O texto sobre hermafroditas se revelou de um inusitado interesse histórico. Bem poderia constar no volume História Universal da Infâmia, de Jorge Luís Borges se fosse um pouco mais bem escrito.
Os hermafroditas sempre existiram, apesar de durante séculos a medicina negar isso. Há uma grande variedade de pinturas e estátuas gregas sobre o tema. Os gregos pareciam ser fascinados pelo tema e explicavam o fenômeno através da união do filho de Hermes com a Afodite, que teria dado origem a um ser metade homem, metade mulher (ilustrando este texto, coloquei duas estátuas gregas sobre o tema). Mas os primeiros relatos históricos ocorrem a partir da Idade Média.
Em uma delas o abade do mosteiro de Santa Genoveva descobriu que faltava dinheiro no tesouro do mosteiro e as suspeitas recaíram sobre um jovem que morava lá desde os 12 anos. O abade ordenou que fosse desnudado e açoitado. O rapaz se desesperou com a pena e pediu misericórdia. Disse que tinha nascido homem, mas que com o tempo percebera que era mulher. Nisso o verdadeiro ladrão foi pego. O abade pediu o exame de médicos, que chegaram à conclusão de que se tratava, de fato, de uma mulher. Ela passou a se vestir de mulher, casou-se e teve dois filhos.
Casos como esse, como final feliz, são a excessão quando se trata de hermafroditas.
Um caso que escandalizou a França no século XVII foi o de Marie le Marcis.
Ela nascera mulher, de uma família pobre, que a colocou para trabalhar como camareira. Em das casas em que trabalhou, teve que dividir a cama com uma enfermeira viúva, Jeanne Lefébure. Na intimidade da noite, revelou a ela a curiosidade de sua sexualidade e as duas começaram a se relacionar.
O amor foi crescendo e as duas decidiram se casar. Elas foram falar com Guillaume, pai de Marie, mas ela tentou convencê-las a mudar de opinião. Elas foram então procurar os parentes de Jeanne, que as aconselharam a consultar a penitenciária de Rouen. Para viajar, Marie se vestiu de homem e passou a se chamar Marin.
As duas foram presas assim que se descobriu o caso e levadas a um tribunal. O juiz se viu sem saber o que fazer já que, apesar dos sinais aparentes de feminilidade, as duas declaravam que Marie era na verdade um homem. A viúva chegou a declarar inclusive que o seu sexo era perfeitamente capaz de realizar os atos maritais e que Marie, inclusive a satisfazia mais do que seu antigo marido.
Uma junta de especialistas foi chamada e conclui que Maria não tinha nenhum sinal de virilidade.
No julgamento, Marie reclamou que os supostos especialistas não haviam examinado seu sexo. Mas o processo estava encerrado e as duas foram entregues à Câmara do Conselho.
O procurador do rei pediu ambas fossem condenadas, declarando-se culpadas com a cabeça e os pés descobertos, diante de uma igreja. Depois Marie seria queimada viva e seus bens confiscados. Jeanne assistiria à execução de sua cúmplice e depois seria açoitada e expulsa da região.
Entretanto, antes que as penas fossem aplicadas, elas foram levadas ao Parlamento de Rouen, que pediu um novo exame de uma equipe de especialistas composta por 10 doutores em medicina, dois praticantes e duas parteiras.
Marie foi examinada e a equipe declarou que não encontrou nela qualquer traço feminino, mas um dos médicos se revoltou com o exame superficial, já que a comissão havia se contentado com exames externos alegando que seria indecente apalpar o sexo da acusada. Mesmo diante da hojeriza dos colegas, ele examinou Marie e percebeu que ela era viril. Foi a salvação das duas, que foram inocentadas. Marie foi orientada a continuar se vestindo de mulher até os 25 anos e foi proibida de manter relações sexuais com qualquer pessoa, sob pena de morte.
Pouco tempo depois, uma disputa por poder revelou outro famoso famoso caso de hermafroditismo na França.
Nessa época a abadessa do Convento das Filhas de Deus cedeu seus benefícios eclesiásticos à sobrinha, senhorita d´Appremont. Mas havia uma outra pretendente ao cargo, irmã Damilly, que, em sua ofensiva, acusou d´Apremont de ser hermafrodita.
O advogado de defesa alegou a lei de Longi tempori preascriptione, segundo a qual não se deve perturbar aqueles que estão de boa fé, na posse de algo por mais de 20 anos. A freira possuía sua feminilidade há mais de 50 anos e, portanto, seu sexo não poderia ser questionado. Além disso, a religiosa se opunha a qualquer exame: Não há nada de mais vergonhoso que este exame para o qual nem a noite tem suficiente escuridão, nem a natureza suficientes véus".
O caso foi levado à corte eclesiástica de Chartres e se recorreu apenas a testemunhos de pessoas que diziam ter feito sexo com a religiosa. Como consequência, d´Appremont foi considerada culpada de abusar dos dois sexos e condenada a ser enforcada e depois queimada.
O advogado da condenada apelou e conseguiu que a freira fosse examinada por especialistas, que concluiram que d´Appremont tinha os dois sexos. Ela foi, então, condenada a ser presa e açoitada e todos os seus bens foram confiscados.
Outtro caso que angariou atenções na França e serviu de exemplo por parte dos iluministas, de que era necessária uma era de razão foi o Jean-Baptiste Grandjean. Ele nasceu mulher, com o nome de Claudine, mas aos 14 anos começou a perceber alterações não só físicas, mas também emocionais. Ela só se interessava por moças. A pedido do pai, foi se confessar com um padre, que disse que ela deveria se vestir de homem, pois continuar se vestindo de mulher seria cometer pecado contra a religião.
Assim Claudine virou Jean-Baptiste e chamou a atenção de todas as moças da região. A primeira a manter relações com ele foi uma tal de Legrand, que seria fatal para o hermafrodita.
Algum tempo depois ele conheceu Françoise Lambert e se casou com ela. Quis um destino que um dia a esposa se encontrasse com a antiga amante do marido, que a alertou para o fato de que seu esposo era um hermafrodita.
A mulher consultou um confessor, que a aconselhou a não ter mais intimidades com o marido até que o caso fosse esclarecido. O casal ficou de visitar o Vigário, mas antes que isso ocorresse, Legrand já havia espalhado para todos o caso.
A história chegou ao ouvido do Procurador, que ordenou a prisão de Jean-Bapitiste e posterior exame.
Uma comissão designada concluiu que, embora tivesse traços de virilidade, a pessoa em questão era uma mulher.
Grandjena foi condenado por profanar o sagrado sacramento do casamento. Seri exposto em praça pública por três dias, açoitado e ficaria em prisão perpétua.
O rapaz apelou ao parlamento e passou a ser defendido pelo famoso advogado Verneil. Este analisou melhor o relatório dos especialistas e concluiu que seu cliente tinha sexualidade indefinida. Ele alegou que seu cliente tinha presunção de boa-fé, o que atenuava o delito.
O parlamento admitiu a argumentação e absorveu o réu, mas também anulou seu casamento e impediu-o de casar novamente. Foi o último caso de hermafrodita levado aos tribunais.
No fotolog Manticore (http://fotolog.terra.com.br/manticore) eu publiquei a história em quadrinhos que fiz baseada no psicopata do qual fui vítima. Aí você vê como são as coisas: um amigo deixou um comentário dizendo que no Rio de Janeiro um psicopata se fez passar por mim, ficou na casa de um quadrinista e aprontou todas...

Brett Ratner em Meninos do Brasil


Opa! Depois de mandar bem em X-Men 3, Brett Ratner pode pegar um filme mais cabeça, segundo o site safado Ain't It Cool News. Na verdade, seria um remake de Os Meninos do Brasil. Leia mais no Melhores do Mundo

Comentário: Meninos do Brasil é um dos melhores trillers de suspense de todos os tempos. Bem dirigido pode virar um filmaço.

Edgar Franco lança trilogia

No ano de 2004 o quadrinhista e artista multimídia Edgar Franco criou o projeto musical POSTHUMAN TANTRA, desdobramento sonoro de sua pesquisa de doutorado na USP que resultou no desenvolvimento do universo ficcional "Aurora Pós-humana". Este universo já serviu como base para a criação do álbum em quadrinhos "BioCyberDrama" (parceria com Mozart Couto), da revista "Artlectos e Pós-humanos", das HQtrônicas "NeoMaso Prometeu", "Ariadne e o Labirinto Pós-humano" & "brinGuedoTeCA 2.0".

A música do POSTHUMAN TANTRA, toda gerada em sintetizadores, procura criar ambientações sonoras para um futuro hipotético da humanidade, onde a genética possibilitou a criação de seres híbridos humanimais e a descarga da consciência em corpos cyborgs. Após o lançamento da primeira demo "Pissing Nanorobots" e participações em CDs coletânias lançados na Austrália, Itália e México, Franco recebeu o convite do francês Legeune Ludovic, mentor da banda de ambient industrial MELEK-THA para a criação de um trabalho conjunto, uma parceria musical entre POSTHUMAN TANTRA e MELEK-THA para o desenvolvimento de um trabalho multimídia onde a música ambient seria o principal ítem mas a criação de ilustrações teria grande importância.

Surgiu então o conceito da "Trilogia Kelemath", um extenso trabalho de criação musical e imagética que durou 2 anos para ser desenvolvido. Uma trilogia composta por três "boxes", cada uma delas incluindo 3 CDs musicais e ainda cards e adesivos especiais e exclusivos. O conceito que gerou a trilogia foi inspirado na "Aurora Pós-humana" de Edgar Franco, e trata de uma invasão alienígena à Terra durante um período de grande avanço tecnológico do planeta e também enorme deterioração da moral e caráter humanos. A raça extraterrestre híbrida provinda de Sirius - do planeta KELEMATH, chega à Terra com o objetivo de destruir por completo a espécie Humana e as subespécies Extropiana & Tecnogenética. A saga contada nas 3 boxes através da música industrial ambient criada pelas bandas dura mais de 9 horas e conta com mais de 20 cards exclusivos criados por Edgar Franco para ilustrar a invasão, com criaturas alienígenas e imagens simbolícas da dominação. A terceira caixa conta ainda com um vídeo de 30 minutos composto com imagens que Edgar Franco & Legeune Ludovic criaram para a saga.

A trilogia é composta pelas três "boxes" Leia mais

sexta-feira, agosto 11, 2006

ABELARDO, O HERÓI(OU FARSA BORGEANA)

A história ocorre no século passado, em alguma colônia em vias de se livrar do jugo da metrópole. Um grupo de pessoas se reúne para planejar a rebelião. São atores, escritores, pintores, quase todos artistas. Três se destacam: Lafayete, Félix e Rodrigo. Lafayete é escritor, os outros dois atores.
O plano se concretiza maravilhosamente. As principais cidades são libertadas, mas a metrópole manda uma esquadra com milhares de soldados para controlar a situação. Assim, os três amigos se dirigem ao litoral para organizar a defesa da recém-criada nação. Nos intervalos, entre uma batalha e outra, engendram um divertimento. Resolvem inventar um herói. Dão a ele o nome de Abelardo. Imaginam sua personalidade, sua estatura, suas características físicas, sua história de vida, tudo. Mandam mensageiros à capital, noticiando a magnífica atuação de Abelardo. Félix chega a se vestir como Abelardo e aparece na frente das tropa, comandando-as. No final, percebendo a impossibilidade de levar o engodo muito a diante, resolvem matá-lo. Abelardo morre em batalha, defendendo a nação. O corpo de um dos soldados é escolhido para preencher o caixão.
Abelardo é recebido com triunfo por onde seu caixão passa. Ele é enterrado com toda a pompa na capital e sua morte faz com que os soldados ganhem novo ânimo para lutar. Se antes guerreavam pela liberdade, agora matavam por vingança.
Quando Lafayete, Félix e Rodrigo retornam à capital, toda e qualquer resistência à independência está anulada. Juntos, os três formam um triunvirato e governam o pais. Mas Félix e Rodrigo são pegos mantendo relações sexuais com seus servos. Lafayete, cego pelo poder, empreende contra eles uma cruzada moralista. Aos que argumentam que os dois são heróis da independência, ele responde simplesmente: "A independência só teve um herói, e foi Abelardo". Félix e Rodrigo são presos, julgados e mortos em praça pública. Mas antes preparam sua vingança. Forjam documentos, abrindo caminho para que Lafayete seja acusado da morte de Abelardo. Alguns senadores descobrem o documento e o acusam formalmente. A notícia corre e a populança invade o palácio e mata Lafayete ali mesmo, aos pés da estátua que este havia mandado erigir em honra a Abelardo.

terça-feira, agosto 08, 2006

Programação de cinema

CINE SHOPPING MACAPÁ
sala 1: SUPERMAN sessões; 15:15 e 18:15 e POSEIDON às 21:20H
sala 2: PIRATAS DO CARIBE 2 às 16;25-18:25 e 21:25H.
CINE SANTANA
sala 1: OS SEM FLORESTA, sessão 16:40H e SUPERMAN, sessões: 18:20 - 21:20H.
sala 2: POSEIDON sessões: 16:45 - 19 - 21H

segunda-feira, agosto 07, 2006

Uma parte das pessoas que foi assistir ontem ao show do Pato Fu achava que a banda tocava Axé e forró. E saíram decepcionados. Em determinado momento, o guitarrista John perguntou quem conhecia Os Mutantes, e só uma pequena parcela do público se manifestou. Como dizia o Raul Seixas, "falta de cultura pra cuspir na estrutura".
Leia no site Correa Neto um belo artigo de Ana Girlene sobre como o amor pode sobreviver ao tempo.

Achei na internet a tira acima sobre o Pato Fu. Foi neste site. Clique para ampliar.


Ali por meia-noite (uma das poucas coisas ruins é que o show começou com quase uma hora de atraso), a banda saiu do palco e parecia que o show estava encerrado. Mas então voltou e cantou Canção para você viver mais, a bela música que a Fernanda fez para o pai, que estava morrendo de câncer, mas que parece também uma linda canção de amor:

Canção Pra Você Viver Mais
Pato Fu
Nunca pensei um dia chegar
te ouvir dizer:Não é por mal
Mas vou te fazer chorar
Hoje vou te fazer chorar
Não tenho muito tempo
Tenho medo de ser um só
Tenho medo de ser só um
Alguém pra se lembrar
Alguém pra se lembrar
Alguém pra se lembrar
Faz um tempo eu quis
Fazer uma canção
Pra você viver mais
Faz um tempo que eu quis
Fazer uma canção
Pra você viver mais
Deixei que tudo desaparecesse
E perto do fim
Não pude mais encontrar
O amor ainda estava lá
O amor ainda estava lá
Faz um tempo eu quis
Fazer uma canção
Pra você viver mais

Ontem fomos assistir ao show do Pato Fu, no entorno da Fortaleza. Eu sou suspeito para falar, pois sou fã do grupo desde o primeiro disco, de 1993. Mas posso garantir que foi um dos melhores (senão o melhor) show que eu já assisti. A voz da Fernandinha Takai é inebriante e a banda toca muito bem. Um dos melhores momentos foi quando o grupo tocou Ando meio desligado, dos Mutantes (muitos críticos consideram o Pato Fu os novos Mutantes). Outro grande momento foi quando a Fernanda agradeceu a uma fã amapaense, a Rebeca, que fez um show em homenagem a eles. Interativa e performática, Fernanda foi a alma do grupo. Imperdível.

domingo, agosto 06, 2006

Acabei de disponibilizar mais um capítulo da série Os anjos. Confira.

Invasão

Vocês precisam acreditar em mim. Eu os vi e sei o que pretendem.
Eles irão dominar todo o mundo. Vão começar pelos pequenos povoados. Depois passarão para as grandes metrópoles. Quando abrirmos os olhos, eles estarão em todos os lugares. Será impossível distingui-los das pessoas normais. Qualquer um poderá ser um deles: o entregador de pizza, o rapaz da banca de jornais, a velhinha que se senta ao seu lado no banco da praça...
Não haverá ninguém em quem confinar...ninguém!
Eu... eu... talvez seja melhor eu me acalmar e contar tudo desde o início. Sim, desde o início...
Tudo começou há uma semana.
Eu estava pescando num lago próximo de minha casa quando vi uma luz descer do céu na direção da floresta. Eu a segui, intrigado, pelo meio da mata.
No meio de uma clareira, encontrei uma miríade de luzes e cores agrupadas sobre uma forma abaulada. A coisa toda devia ter uns 50 metros de diâmetro. No meio havia uma abertura. Eu penetrei por ela.
Era como se caminhasse sobre nuvens, como se as paredes refletissem a vastidão do cosmo. Havia alguns seres lá dentro. Criaturas esverdeadas, dotadas de cérebros descomunais. Havia um humano preso em uma cadeira de mil braços. Eles abriram seu crânio e retiraram seu cérebro. Colocaram ali uma massa verde e gosmenta. Eles o haviam transformado em uma espécie de zumbi mutante!
A horrível verdade ia tomando conta de minha mente à medida em que me afastava dali: eles pretendiam conquistar nosso planeta infiltrando entre nós seus zumbis intergaláticos.
Eu parei e vomitei até que minhas vísceras gritassem. Não, não podia ser verdade. Era louco demais, completamente sem sentido.
Devia ser algo da minha imaginação. Sim, era isso! Eu imaginara tudo? Criaturas do espaço dominando o planeta Terra e nos transfomando todos zumbis? Sem, era apenas imaginação minha.
Voltei para casa disposto a esquecer tudo isso. Lá estava minha cadeira de balanço na varanda, como sempre. Lá estava minha velha arma de caça, pendurada na parede. Lá estavam meus filhos, minha esposa. Tudo em seu lugar. Tudo normal.
No dia seguinte, fiquei feliz em perceber que o Sol ainda iluminava nosso velho e bom mundo. No trabalho, na rua... tudo estava normal. Não havia invasão. Não havia Ets ou zumbis...
Naquela noite eu fui dormir satisfeito e seguro. Não havia nenhum perigo, nada com o que se preocupar.
Acordei de madrugada e Helena não estava ao meu lado. As crianças também não estavam em suas camas.
Um estranho pressentimento tomou conta de mim. Peguei a arma e caça e o machado e segui para a floresta.
O que encontrei ali faria gelar o sangue do mais corajoso dos homens: metade da cidade estava reunida em torno dos homenzinhos verdes. Eles estava recebendo suas instruções! Lá estava minha mulher, meus filhos... até mesmo a simpática velhinha da esquina... todos com seus olhares de zumbis e feições sem expressão.
Um deles me viu e deu o alarme. Logo centenas de pessoas estavam em meu encalço.
Eu fugia, atirando de quando em quando para mantê-los afastados. Mas para cada zumbi que eu matava, apareciam três ou quatro, sedentos por meu cérebro.
Finalmente alcancei minha casa e me tranquei lá dentro.
Lá de fora, a coisa verde e gosmenta falava, tentando imitar a voz de minha mulher:
- Querido, nós somos sua mulher e seus filhos. Você está confuso, mas não se preocupe... no final dará tudo certo. Vamos, abra, seus filhos estão chorando.
Eu não pude resistir. Abri a porta abracei meus filhos, chorando. Foi quando percebi uma gosma esverdeada escorrendo de seus ouvidos. Eu arranquei suas cabeças com a machadinha e recarreguei a arma. Comecei a atirar em todos que estavam à minha frente. Eu poderia morrer, mas não arrancariam meu cérebro.
Ouviu bem? Jamais vão me transformar em um zumbi! Jamais vão tirar o meu cérebro! Vou resistir até o último minuto...

O paciente começou a se debater, tentando soltar as amarras da camisa de força e soltando baba pelos lábios. O enfermeiro recuou, horrorizado.
- Perturbador ouvir esse aí, hein? – comentou outro enfermeiro. Se eu fosse você, não chegava tão perto das grades. Esse psicopata é realmente perigoso. Ele arrancou a cabeça da mulher e dos filhos com um machado e trucidou metade do bairro. Até que a polícia chegasse, ele já havia feito dezenas de mortos. Você está pálido?! Venha, vamos tomar um café. Você está precisando.

sábado, agosto 05, 2006

A maioria das pessoas tem a idéia de que é muito bom ser superdotado. Afinal, a pessoa é mais inteligente que a média e, portanto, vai se dar melhor na vida. Na realidade não é o que acontece. Um superdotado tem muito mais dificuldade, inclusive na escola, que a maioria das pessoas. Por isso defendo que na escola o superdotado deve ser tratato com atenção especial. Abaixo o relato de uma superdotada publicado no blog do Digestivo Cultural:

Oi, Julio.Escrevo para vc diretamente pq preferi não publicar meu comentário.Li seu artigo sobre Glenn.Sabe, eu fui menina-prodígio, e do tipo raro, porque dominava mais de uma linguagem criativa: cantava afinadíssima desde os três anos, decorando letras em duas línguas além do português: o italiano e o francês. Desenhava desde os dois anos figuras humanas com olhos e bocas. Aprendi a ler e a escrever sozinha dos três aos quatro anos e escrevia poemas aos seis.Minha mãe e meu pai não sabiam o que fazer comigo, mas guardaram os registros: tenho fita gravada da minha voz, primeiros desenhos, poemas. Fiz um teste de QI aos cinco anos mas nunca me disseram o resultado exato, mas sei que foi bem acima da curva de Gauss. A pedagoga, segundo minha mãe, sugeriu que eu levasse uma vida tão normal quanto possível, estudando num colégio normal, etc, etc.Contudo, quando a gente é mesmo muito diferente, não adianta: a gente sofre muito. Não tô fazendo apologia do sofrimento de artista não, é sério. Fiz tentativa de suicídio duas vezes. Fiz psicoterapia (o que me salvou e ainda me salva quando estou no limite) muito tempo. Tiro um transtorno bipolar grau 4 de letra.Tô te confidenciando isso pq o artigo me tocou muito. Ninguém consegue ficar perto de gente anormal (acima da média do anormal, quero dizer, pq de perto...) muito tempo. É horrível.
Na escola, na faculdade, vc tem sempre a sensação de estar absolutamente só, ser sempre o discordante, de não ter um grupo com o qual se identifique, e quando se tem um temperamento agressivo e se fala muito, como é o meu caso, consegue discutir e se dar muito mal na maioria das vezes, por mais bem intencionado que vc seja.A maldiçao do prodígio, resumindo, é essa: ser um Edward Scissorhands. Leia mais

sexta-feira, agosto 04, 2006

O mundo ainda não está pronto

Pato Fu
Quem acha que o mundo é tudo na vida
Infelizmente não sabe de nada
Inclusive eu também não sei
Inclusive eu também não sei
Mas pelo menos eu estou, eu estou
Eu estou aqui gritando:
AAAAHHHHH, eu estou aqui gritando
É engraçado que alguém
Possa dar atenção
A qualquer assunto de hoje em dia
Ou então trocar uma menina quente e macia
Por um jornal nacional
Ou um disco de gritaria
Quem me dera uma guerra das antigas pra lutar
Infundindo nos cães o terror
O terror é popular

quinta-feira, agosto 03, 2006

Pato fu no parque do forte


Domingo, dia 06 de agosto, Macapá verá a apresentação de uma das melhores bandas de rock já surgidas no Brasil: Pato Fu. A vocalista, Fernandinha Takai é amapaense da Serra do Navio, mas o grupo nunca havia se apresentado no estado. Na época em que Barcelos era governador eles chegaram a ser sondados para um show patrocinado pelo governo, mas na última hora foram trocados pelo Tiririca. Sou fã de longa data do Pato Fu e da voz doce da Fernanda. O primeiro disco deles, Rotomusic de Liquificapodum, embalou o período em que morei em Curitiba, especialmente a música O Mundo não está pronto (tinha tudo a ver com o momento em que eu etava vivendo). Inclusive cheguei a entrevistar a Fernanda para um jornal local. Podem estar certos de que eu vou estar lá no show. Só achei inconveniente o dia e o horário, já que muita gente trabalha na segunda-feira...

Da África para a Itália: aprendendo a ler com HQs

Por Marcus Ramone, com a colaboração do leitor Alexandre Ramelli (03/08/06)
O uso dos quadrinhos como instrumento educativo, felizmente, é algo que vem se tornando bastante comum nos últimos anos. Seja por iniciativa de escolas, universidades, ou mesmo em ações promovidas por órgãos governamentais, a nona arte tem sido uma forma das mais eficientes de educação de crianças e adultos em várias partes do mundo. Um dos exemplos mais significativos que pode servir de ilustração em quaisquer discussões sobre esse assunto, porém, é fruto do autodidatismo e tornou-se público há poucos dias, quando o jornalista italiano Renato Ciavola escreveu a resenha crítica do livro La luna che mi seguiava, de autoria de Aminata Fofana, africana de Guiné. Fofana começou sua vida profissional como modelo fotográfico, é também cantora e estréia agora como escritora de romances literários. A artista, que passou a infância em um ambiente tribal cercado de florestas, tinha o sonho de aprender italiano. Questionada sobre como havia conseguido realizar isso, a ponto de escrever um livro nesse idioma, Aminata Fofana declarou que foi graças ao gibi Topolino, o título do camundongo Mickey na Itália. "Na África, nossa identidade cultural, espiritual e religiosa é demonstrada através de uma expressão folclórica chamada Djeli (lê-se jai li), na qual gestos de nossos antepassados evocam imagens sugestivas, que regeneram o indivíduo que dá valor às coisas", disse a escritora. "Então, acostumada com esse tipo de aprendizagem, eu lia Topolino e depois passava a entender o que os personagens falavam, relacionando as imagens das ações com as palavras".
Há um caso parecido no Brasil: o do ex-Ministro da Economia Pedro Malan, que aprendeu francês lendo os quadrinhos de Tintim. E que outros exemplos continuem surgindo.
Fonte: Universo HQ